sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

São Paulo, 25 de janeiro de 2008

Vinha eu agora no metrô carioca a pensar nos 454 anos da cidade de São Paulo hoje. Feriado na Paulicéia desmbestada.
Aos 400 anos da cidade, mamãe foi quem da família primeiro conheceu a capital, quando vivíamos em Niterói. Era 1954. A logomarca da efeméride ocupava os espaços existentes da visão tímida naquela era do rádio.
Em 1964 conheci a cidade e uma garota paulistana de covinhas no rosto quando falava. Havia bondes e vemags a circular. A Última Hora ainda existia, mas a Folha de S.Paulo era discreta e pobre. Conheci outros adolescentes, cinema, igreja e umas ruas da Bela Vista, da Liberdade e da Aclimação.
Depois veio Mário de Andrade e a metrópole jamais me deixou de ser a cidade dele. Timbre triste de martírios e canções clássicas de Adoniran e outros. Leitor fanático de Mário, procurei a Barra Funda, cacei o depósito da Livraria Martins em busca dos livros dele então esgotados. E a comovente casa da Rua Lopes Chaves. Na Rua da Aurora, havia um grande edifício na altura do número da casa demolida em que o filho da candinha teria nascido.
Nessa viagem de julho de 1970, fazia frio, garoava e circulava o Suplemento Literário do Estadão, Haroldo de Campos dava notícia de um livro que abordava cinema do sábio Jakobson, que passara pelo Brasil e por São Paulo, fazia pouco.
Hoje a Avenida Paulista e todo o seu entorno, a Consolação, a Pinacoteca e o Museu da Língua dão roteiros. O filé com salada de rúcula e pão no Sujinho vêm na hora do almoço ou jantar.
O Bom Retiro velho alocado na Campinas velha de hoje em Quando meus pais saíram de férias, símiles de alguns arrabaldes de Buenos Aires como Liniers e Caballito, San Isidro ou ruazinhas mais distantes atuais, esvaziadas "de turba y de ajetreo" segundo Borges, dão a medida de impressão urbana da São Paulo que conheci nos meus 15 anos e reinvento com a distância da memória.


Cláudio Correia Leitão

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