terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Nélson Cavaquinho e Guilherme de Brito

Folhas Secas



Quando eu piso em folhas secas

caídas de uma mangueira

penso na minha escola

e nos poetas da minha estação primeira



Não sei quantas vezes

subi o morro cantando

sempre o sol me queimando

e assim vou me acabando.



Quando o tempo avisar

que eu não posso mais cantar

sei que vou sentir saudade

ao lado do meu violão

da minha mocidade.



Essa música da dupla Nélson Cavaquinho e Guilherme de Brito representa, na canção popular, um cruzamento bastante curioso. Ao mesmo tempo que se elabora a partir da experiência direta dos autores, é um mergulho profundo num dos topos mais sensíveis da literatura clássica: uma espécie de carpe diem, no qual o lamento pela perda da mocidade corresponde às folhas secas caídas. Isto demonstra não só a permanência de uma visão de mundo, como a sensibilidade dos nossos poetas populares.
(oswaldo martins)

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