quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

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árvores continuam dando pássaros
e nada mais dizem elas da inércia
que contempla, no rosto vil do morto,
a memória, onde o absorto sopro

em ignaro porto – se as vozes álacres
incitam ao morto senão que aos pássaros
os desfigurados cantos da aurora,
a voz infensa da maldita hora –

descanta no licor da alada voz
este silêncio inamovível e só
que não mais olha o olho no olho

de quem à beira da funérea urna
evoca os gritos, os cantos de brômio,
posterga o dia da azafamada bruxa.

(oswaldo martins)

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