1
turva delícia
composição de fados
textura do caos
no limite
deste sorriso
embaciado
2
torpe delícia
do silêncio
a voz nenhuma
o cativeiro
das palavras
3
diriam as palavras
em sua azáfama
a língua vil
engastada
nos dias
4
depois dos dias
a língua
das palavras
vidrenta
para aquém de si
revelaria
o nada
5
as tarefas
e os dias
nada de nada
deixam que reste
soturna
na delícia
das manhãs cavas
6
não vale coisa a coisa
tudo em seu sentido
harpa
delta
corcovados
quando a palavra
sabe de si
e emudece
7
os passantes passam
não há segundo
não há destino
nem quando ela olha
nem quando o outro
averno
olha os passantes
que apenas passam
8
havia
um marchant d’allumets
que olhou
por baixo da saia
da mulher que passava
veio um cão
sarnento cão
que afagou o nada
e se foi
9
um oco
lúcido
a lucidez do oco
a morfina do não
revela
os dias
quando os dias
cessam
10
turva delícia
lábios
ou antes
dentes
ou ainda
antes
a mandíbula
do morto
(oswaldo martins)
turva delícia
composição de fados
textura do caos
no limite
deste sorriso
embaciado
2
torpe delícia
do silêncio
a voz nenhuma
o cativeiro
das palavras
3
diriam as palavras
em sua azáfama
a língua vil
engastada
nos dias
4
depois dos dias
a língua
das palavras
vidrenta
para aquém de si
revelaria
o nada
5
as tarefas
e os dias
nada de nada
deixam que reste
soturna
na delícia
das manhãs cavas
6
não vale coisa a coisa
tudo em seu sentido
harpa
delta
corcovados
quando a palavra
sabe de si
e emudece
7
os passantes passam
não há segundo
não há destino
nem quando ela olha
nem quando o outro
averno
olha os passantes
que apenas passam
8
havia
um marchant d’allumets
que olhou
por baixo da saia
da mulher que passava
veio um cão
sarnento cão
que afagou o nada
e se foi
9
um oco
lúcido
a lucidez do oco
a morfina do não
revela
os dias
quando os dias
cessam
10
turva delícia
lábios
ou antes
dentes
ou ainda
antes
a mandíbula
do morto
(oswaldo martins)
Nenhum comentário:
Postar um comentário