quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Tempo

A Adélia Prado


Não tenho versos pós-modernos.
Algumas dores,
Ecos na alma que repetem maldades
E orações,
Recordações de coisas rápidas
E esquecimentos,
Uma rapidez incontrolável.
Mas versos, não.

Hoje,
Em mês do ano dois mil,
Subscrevo-me e assino,
Choro ao final de um acorde
E aqui faz calor, barulho e fumaça.

Ao telefone meu sobrinho
Sorri
E sou capaz de vê-lo.
Acabo de desejar sua
promessa de vinda.

Não sou de hoje
Nego-o todo o tempo. Da inabalável crueldade
Humana, tento esquecer.
E também tenho fome.


(Fernando Arosa)

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