A Adélia Prado
Não tenho versos pós-modernos.
Algumas dores,
Ecos na alma que repetem maldades
E orações,
Recordações de coisas rápidas
E esquecimentos,
Uma rapidez incontrolável.
Mas versos, não.
Hoje,
Em mês do ano dois mil,
Subscrevo-me e assino,
Choro ao final de um acorde
E aqui faz calor, barulho e fumaça.
Ao telefone meu sobrinho
Sorri
E sou capaz de vê-lo.
Acabo de desejar sua
promessa de vinda.
Não sou de hoje
Nego-o todo o tempo. Da inabalável crueldade
Humana, tento esquecer.
E também tenho fome.
(Fernando Arosa)
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