segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A PANTERA

De tanto olhar as grades seu olhar
esmorece e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.

A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.

De vês em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.

(Rainer Maria Rilke – Trad. Augusto de Campos)

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