Agora essa: Puta
que o pariu! Defenestrar da tv brasileira os programas que foram criados por
Fernando Faro, passá-los a arquivo morto, quando era uma das poucas coisas
vivas da tv brasileira é de uma crueldade e de uma baixeza com o país
comparável apenas com a política do bota-abaixo que nossos indigníssimos administradores
fazem no cotidiano das cidades. Desde
sempre, aliás.
Quando saímos às
ruas recebemos o simpático apodo de vândalos, quando na verdade a incúria, a
falta de cultura, sabedoria e conhecimento pertence ao vandalismo administrativo
praticado no Brasil e à destruição com que tratam sua cultura, suas tradições
populares. Eu me pergunto se tais senhores algum dia leram um livro, que não
fosse de autoajuda. Se se preocuparam de fato em manter vivas as formulações
adquiridas pelos nossos quinhentos anos de história.
Tenho a
percepção, contrária aos ilustrados ou ilustríssimos, de que a modernidade dos
arrasa-quarteirões é indigna de nossos cidadãos. Acabar com o samba, ou domesticá-lo;
acabar com o pagode, ou domesticá-lo; acabar com o funk, o rap, para
domesticá-los e torná-los palatáveis aos ouvidos burgueses da classe média que
fica doidinha (como diria o Dominguinhos, que junto com o Gonzagão sabe das
coisas) para balançar o corpo ao som inquebrantável da invenção popular é um
crime tão grande e de um maquiavelismo tão assanhado e apressado que permite dizer
que o fim de um programa da importância dos que são dirigidos por Fernando Faro
faz parte desta orquestração tacanha que terminará por acabar com o próprio
país e com suas mais legítimas manifestações.
Puta que pariu!
(oswaldo
martins)
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