Finalmente, o
governo não pensa em falar com os próprios estudantes militantes que ainda
estão efetivamente na liderança, às vezes impedindo os pais de ir trabalhar
(duas greves bem-sucedidas em Johannesburgo). Diariamente e com determinação,
eles despejam nas sarjetas as bebidas de bares clandestinos às quais consideram
que seus pais há muito se entregaram por estarem acovardados.
Enquanto isso,
desde junho, 926 colegiais negros receberam punições que vão de multas ou penas
e suspensão a detenção (cinco anos para um menino de dezessete anos) e varadas
(cinco golpes com uma vara leve para um menino de onze anos que fez a saudação
do Black Power, gritou contra a polícia e apedrejou um ônibus). São algumas das
4.200 pessoas acusadas de delitos provenientes dos tumultos, inclusive
incitamento ao crime, incêndio criminosos, violência pública e sabotagem.
Muitos estudantes estão também entre as 697 pessoas, inclusive a sra. Winnie
mandela, detidas por “razões de segurança”; outro dia, um sujeito se enforcou
com a camisa na prisão de Johannesburgo, um antigo forte a dois quilômetros da
casa suburbana branca onde escrevo esse texto.
(Nadine Gordimer
– Carta de Soweto in Tempos de
reflexão)
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