quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito

SEI que é doloroso um palhaço...
SEI que estou / no último degrau da vida...
SEI que amanhã / quando eu morrer...

Insistem num saber essas letras que GB fez para NC. A primeira pessoa afirma o saber e destitui o ser, que deixa de ser pressuposto.

Ex.: "Nelson canta." A identificação do sujeito pressupõe sua essência: "Nelson é, logo canta." Nas canções não: há uma espécie de antecedente ontológico. Nelson sabe, logo é.

Mas o saber se realiza no canto. É a voz que dota de identidade da letra. O canto constitui marca, diferença e sentido.
Então o saber da letra fica o que qualquer saber pode ser, no máximo. Promessa, devir. O sabido se faz descoberto. É por isso que a morte, a lágrima do palhaço que se anunciam com certas, revertem-se em SIM! e em samba.

... volta que a platéia te reclama
... não posso esquecer o meu passado
... me dêem as flores em vida

Alexandre Faria
Agradecido por me convidar pro seu blog.

2 comentários:

  1. Alexandre,
    obrigado pela postagem.
    O curioso é que o parceiro do Nelson cavaquinho é um homônimo meu, Oswaldo Martins

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  2. É verdade. Atribuí todas as letras citadas a Guilherme de Brito, mas aí vai o correto:

    - Degraus da vida (c/ Antônio Braga e César Brasil)
    - Palhaço (c/ Oswaldo Martins e Washington Fernandes)
    - Quando eu me chamar saudade (c/ Guilherme de Brito)

    Além dessas tem aquela:
    - Eu já SEI, porque choras palhaço... - "Quero alegria" - (c/ Guilherme de Brito)

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