terça-feira, 27 de maio de 2008

Roberto Bolaño

Roberto Bolaño é uma leitura obrigatória. Seu romance A pista de gelo é denso, inovador. Através de uma costura sutil entre os personagens ao longo da narrativa, vai bordando uma ensinança do escrever; sem descuidar do fio tenso que guia o leitor, mais se esforça para dele esconder do que revelar a trama. É sobretudo um livro de literatura, para a literatura e para os escritores de literatura. Dói lê-lo, como dói ler O Coetzee. Como doeu ter lido Dostoiewisk e Machado.
Mas a dor de quem lê não é a dor fadada à emoção profunda é como uma música que se ouve pensando em qual será a surpresa suscitada pelo levar da orquestra, pelas invenções do compositor. Ler com dor é perceber a construção radical de um mundo que se nos impõe, que nos força a acreditar no que está escrito. Na partitura. Como na poesia de Trakl tudo é novo; o mundo outro.

(Oswaldo Martins)

Um comentário:

  1. Oswaldo,

    estou muito orgulhosa de mim pela sintonia que estou contigo... cheguei a comentar no dia do lançamento do teu livro que depois do assombro que senti lendo As Brasas, a primeira referência que me caiu ao acaso pesquisando no google foi seu texto sobre Sàndor Márai... é com mesma surpresa, após ter passado a tarde de domingo e manhã de ontem lendo A Pista de Gelo, que me deparo com essa sua atualização do blog sobre o Bolaño...
    Estou quase indo a papelaria para comprar uma daquelas fichas que preenchíamos com informações dos livros que você nos obrigava ler... é reconfortante ouvir os ecos daquela época ainda me guiando nas minhas leituras que eu, tola, acho que escolho ao acaso.

    beijos!
    Barbara Kahane

    ResponderExcluir