sexta-feira, 22 de maio de 2009

Eugênio e Tarô Cigano

Certa vez fui com Eugênio a Pallas Editora. Havia combinado com uma amiga, que era ligada à editora, de apresentá-lo, para que pudesse fazer alguns trabalhos. No dia marcado, peguei minha velha Brasília e nos dirigimos à editora. Eugênio, é óbvio, era por demais conhecido para que não causasse um certo frisson com sua presença. Estava não só a Cristina, mas todo o estafe da casa. Editores, conselheiros, autores e amigos.

Ao entrar na sala de reunião, foi recebido pelo grupo como merecia. Fiquei de longe observando o desenrolar das conversas. De modo surpreendente, um senhor muito claro, olhos azuis expressivos, europeu, decerto, virou-se para o Eugênio, um autêntico austríaco-portenho, dizendo que já o conhecia há muito tempo, desde a batalha lusitana em Alcácer-Quibir e que lutaram juntos, na ocasião, contra inimigo comum. Ao que Eugênio, como lhe era costumeiro, repete seu fabuloso “si, si” e arremata:

__ Tu eras o judeu negro; eu, o outro. E se abraçaram efusivamente.

Após a conversa, ficou de fazer as ilustrações de um baralho cigano, cujos dizeres foram escritos por Naldo de Oliveira. O resultado, como podem verificar na edição que ainda circula, foram ciganas mulatas, bem como o Eugênio imaginava a vida.

(oswaldo martins)

Nenhum comentário:

Postar um comentário