Washington encontrou no desfecho
político da crise brasileira a porta
para a solução de um de seus problemas estratégicos imediatos: a revogação do
compromisso de não-intervenção por parte dos Estados Unidos em qualquer país
latino-americano; era aquele compromisso até então a pedra angular de todo o
sistema interamericano. A queda de Goulart e a subida ao poder do grupo militar
chefiado pelo marechal Castelo Branco, em abril de 1964, no Brasil, legalizou,
de antemão, o desembarque, em junho do ano seguinte, dos conhecidos fuzileiros
navais norte-americanos na República Dominicana. Quando o marechal Castelo
Branco , sem esperar muito, envia quase no encalço dos fuzileiros
norte-americanos soldados brasileiros para desembarcarem na pequena ilha, a
casa Branca deve ter mandado retocar o retrato já esmaecido do velho Teddy
Roosevelt, com seu afinal sábio e glorioso big
stick ao lado. O Brasil restaurado mostrava como um país realmente democrático
não tem dificuldades em sancionar, com a sua solidariedade prática, a retomada das
intervenções armadas norte-americanas no cansado mar das Caraíbas. O gesto do
marechal marcou um tournant decisivo
na política imperialista americana, no nosso Continente.
(Mario Pedrosa – A Opção
Brasileira)
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