sexta-feira, 30 de maio de 2014

O barco – A aldeia

Uma traineira portuguesa, azul, enrola um bocado do Atlântico.
Bem ao longe, um ponto azul, mas estou lá – onde seis homens a bordo não veem que somos
[sete.

Assisti á construção de um barco desses, parecia um alaúde enorme sem cordas
Na ravina da pobreza: a aldeia onde lavam e lavam sem parar, com fúria, paciência, melancolia.

A praia apinhada de gente. Era um comício que fora dispersado, os altifalantes confiscados.
Soldados levaram o Mercedes do orador por entre a multidão, apupos rufavam contra as chapas
[do veículo.


(Tomas Tranströmer – Tradução Alexandre Pastor)

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