sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Prima

La cousine

L'hiver a ses plaisirs ; et souvent, le dimanche,
Quand un peu de soleil jaunit la terre blanche,
Avec une cousine on sort se promener...
- Et ne vous faites pas attendre pour dîner,

Dit la mère. Et quand on a bien, aux Tuileries,
Vu sous les arbres noirs les toilettes fleuries,
La jeune fille a froid... et vous fait observer
Que le brouillard du soir commence à se lever.

Et l'on revient, parlant du beau jour qu'on regrette,
Qui s'est passé si vite... et de flamme discrète :
Et l'on sent en rentrant, avec grand appétit,
Du bas de l'escalier, - le dindon qui rôtit.

(Gerard de Nerval)

A Prima

Tem o inverno prazer; e, aos domingos, frequente,
Se à terra branca traz um sol ouro e semente:
Pode-se com uma prima, airosa, ir passear...
- E não vos faça aqui esperar para jantar,

- Diz a mãe. E eis que a ver nas Tulherias, vestidas
De flor e mansidão árvores negras, puídas,
A jovem sente frio... e vos faz perceber
Que o nevoeiro da tarde, aos poucos, vem-se erguer.

Voltamos e, do dia, enfim, só se reclama
Ter se ido tão depressa... e com discreta chama;
Na casa então se sente, entre o apetite e a caça,
Bem debaixo da escada, - o bom peru que assa.

(trad. Mauro Gama)


A Prima

No inverno, quando o frio ataca, suores
Outros do desejo penetram a carne.
A prima, entre os membros da família,
Se destaca.

Há nas tardes, antes que o sol caia,
Certos rubores e comichões antigos
Que os olhares comunicam e o sono
As cabeças cabisbaixam.

Daí à escada, onde os humores do peru
Se enaltece, retira-se a saia e a calcinhola
Para que intentem os primos
O amplo pacto da vara


(oswaldo martins)

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