sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ano

Um bom ano, com esta pérola aí abaixo:

Valéria Oliveira e Edu Lobo - Chegança

VESTIDO PRETO, PELE CLARA


Um vestido preto envolve o conto e a mulher aguda. Desenho de mulher viva contorna em tempo enlace a braços, ao pescoço. Enquanto os olhos filmam planos alheios, retoco um tateio, pés e joelhos, coxa e ilharga. Vestida de preto rua afora do conto de Mário de Andrade traça-se sobre o seio triste meio e margem de outra via.

Niterói, 2012

CLÁUDIO CORREIA LEITÃO

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Os dez melhores lidos por mim ao longo de 2012


1 – O que deu para fazer em matéria de história de amor –  Elvira Vigna – Cia das Letras

2 – O mestre de Gô – Yasunari Kawabata – Estação Liberdade

3 – Galileia – Ronaldo Correia de Brito – Alfaguara

4 – Rapace – André Capilé – TextoTerritório

5 – Matisse – Imaginação/erotismo/Visão Decorativa – Org. Sônia Salzstein – COSAKNAIF

6 – Adelino Magalhães – Obra Completa – Aguilar Editora

7 – A Ferida de narciso – Evaldo Cabral de Melo – Editora Senac

8 – A ficção e o Poema – Luiz Costa Lima – Cia das Letras

9 – Elias Canetti – Vozes de Marrakesh – COSACNAIF

10 – O senhor Brecht – Gonçalo M. Tavares – Casa da Palavra

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

dísticos imperfeitos


as mulheres ilegítimas
abandonam os livros

com o olhar inacessível
os homens

adornadas de presente
antevistas de  violência

no corpo nu
aprestam se aos vadios

os dísticos dos poetas
sem ou quando

à beira da cama
ganem abertas

não só as pernas
mas as armas

(oswaldo martins)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

TextoTerritório e se o mundo não se acabar?

tríptico natalino


a castanha era o motivo natalino por
excelência o trigo da festa da fresta
que a priminha permitia

na casa avoenga a putaria franciscana
despia antes as hipocrisias natalinas
de seus faustos e presentes

que todos ganhavam cúpidos
de olho no dos outros e nas coxas
semidespidas das descuidadas meninas

(oswaldo martins)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

poema do homem nu


sentado na poça
d’água retida do verão
ele se pergunta se é isso
então
se é assim
que o mundo termina
a moça que passa
e olha sem querer
enxerga na sua nitidez
ele.

(Lúcia Leão)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

bidê

permite a tuas pernas o invólucro
          das paixões os tapetes os guizos
          na água morna roçam-se as coxas
          ó desmensurado, concebe nos teus
          cômodos nossa acre licenciosidade

do lapa 3


o de  o detalhe capta a imagem e te
      integra toma teus olhos olha
      na perspectiva mínima

do lapa 2


mang    mangue minhas rugas onde dejetos fedem
        ardor e sementes trouxeram no meio-fio
        amalgamadas colombinas tb caco como ta
        tear cancro cumular sevícias e baratas

do lapa


nos           
 nos  nos teus peitilhos de maracujá
      pouca barba levantar-te a saia
      navalhada, para quem te queira
      o desejo vagabundo de misérias

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

contra-poema para moça sentada na privada nua


ela tirava meleca do nariz
o ouro escorrer

bolinhas atirava
para o fundo da vala

a cabrita
em sua vida privada

compunha quadros
que nenhuma bandeira

ousara


(oswaldo martins)

poema para moça no banco de praça nua


nas desoras

o vermelho das coxas
convida para um funk
nas estrelas

na luz do poste
o arraial da nudez

balbucia benzim
os olhos soçobram
inebriados de espaço

(oswaldo martins)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

poema para moça no centro do espaço nua


havia o universo
para navegar um braço

de terra atirado
nas nuances do vácuo

um desrespiro que atinge
o centro do sovaco

(oswaldo martins)

Balada do provisório


Noite flamenca


Não era muito de sair à noite, precisava apaziguar as brigas do marido com o filho. O garoto, como tantos universitários, resistia à vida adulta, criava birras em todo espaço-tempo e gastava sem critério. Nos últimos meses, o grupo da dança flamenca estava proporcionando algumas oportunidades de badalação.

Chegara ao curso de verão pelas mãos das amigas do trabalho, deixou-se levar com certa facilidade, para si mesma reafirmava o propósito de só fazer esse mês de aula. O joelho não ia aguentar, não tinha ritmo. Os genes árabes a fizeram gostar da dança, da música cigana com sua escala ascendente tão próxima de uma herança com que nunca tinha entrado em contato. Ficou para mais um semestre, e outro.

Irene, a professora, é uma jovem argentina que preferiu o flamenco. Ver a professora dançar lança a turma numa certeza de não conseguir. No entanto, rápido se aprende guiado pelos passos fragmentados em câmara lenta. Nota-se o esforço. Mais fácil para ela dançar no ritmo certo. Não é problema errar, um pequeno acerto sempre é valorizado, gerando a confiança de poder mais.

Naquela noite ia assistir a uma apresentação de Irene com Davi, um bailarino cigano e argentino, acompanhados por Antônio, um violonista brasileiro especializado em flamenco.

No céu, uma faixa azul avermelhada ainda resistia enquanto a lua cheia surgia do outro lado. Era uma casa do início do século XX numa transversal das Laranjeiras. O pátio externo fora preparado para servir como auditório e bar. Toldo, mesinhas de madeira de demolição, cadeiras de boteco, luz de velas, tablado numa extremidade, mais cadeiras e poltronas na outra.  As conversas regadas a cervejas artesanais fluíam. As amigas do trabalho chegaram e foram sentar ao fundo, estava mais fresco sem o toldo. 

O baile começa. As conversas passam a sussurros. Silêncio e Olés. Músicas cantadas e dançadas. Aplausos. Danças alegres, sensuais, sapateado rápido que se integra a música tocada.  A dança produz som, o violão cede o protagonismo, acompanha quase mudo. Logo o corpo se lança a novos movimentos de braços, mãos, tronco, cabeça. Precisos, os pés marcam  o compasso fazendo ritmo junto ao canto. A energia dos bailarinos transparece em seus olhos, rostos, postura.

Iniciam uma coreografia de solea, dança das mulheres que perdem seus filhos, choram e exorcizam a dor com o corpo. Passos de revolta ao mesmo tempo de uma busca possível de compreensão da tragédia. A narrativa toma os corpos em silêncio. Respiração suspensa.

A turma da dança, amigos e famílias tornam-se uma tribo em torno da fogueira, sob o céu de lua cheia. Como sempre se fez.       

(Cynthia Magluta)

domingo, 9 de dezembro de 2012

poema curto em linha reta ou ainda poema salsicha


gosto da língua ácida
tocando notas
em tua xota

mais do xaxado
que do xote

mais o xaxar da xoxota
no tapete das etiquetas

(oswaldo martins)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O CASTIGO - Conto de Cesar Cardoso com prefácio de Ronaldo Correia de brito


Eu não devo conversar com a minha colega do lado durante a aula.
Eu não devo perguntar como foi o fim de semana da minha colega do lado durante a aula.
Eu não devo morrer de vergonha e confessar que passei a tarde de sábado deitado na cama pensando na minha colega do lado durante a aula.
Eu não devo escrever meu nome no caderno da minha colega do lado nem deixar o coração disparar quando ela me olhar com seus olhos verdes, virar para a frente e tornar a me olhar durante a aula.
Eu não devo abaixar os olhos nem sentir uma quentura se espalhando pelo rosto nem desejar pousar a cabeça nas coxas da minha colega do lado nem pegar a borracha na outra mesa só para roçar os dedos bem de leve, quase sem tocar, nos pêlos lisinhos do braço dela durante a aula. 
Eu não devo devolver a borracha, emprestar a caneta de três cores - azul, vermelha e preta, olha só! -, deixar cair tudo e, enquanto cato sem jeito, segurar os braços da minha colega do lado e puxá-los mesmo sem muita força, porque ela nem resistiu e veio para o meu lado com tanto impulso que nós quase caímos das cadeiras e deu uma vontade de rir danada durante a aula.  
Eu não devo pedir à professora para ir ao banheiro, ouvir ela dizer que a minha colega do lado já foi e eu sei muito bem que só vai um aluno de cada vez, não adianta insistir que estou apertado, que ela foi no banheiro das meninas e eu vou no meu, porque a professora já está berrando que eu sou metido a engraçadinho mas ela não está achando graça nenhuma e eu devia era ficar calado durante a aula.
Eu não devo fazer um bilhete para a minha colega do lado nem ficar com a mão tremendo tanto que mal consigo escrever e não saber mais se faço ou não faço o bilhete, acabar fazendo assim mesmo, todo tremido, de um jeito que ninguém vai conseguir ler o que está escrito, muito menos ela, que até usa óculos, uns óculos que fazem ela ficar mais bonita ainda quando franze os olhos verdes e tenta ler o que eu escrevi durante a aula.  
Eu não devo arrancar o bilhete das mãos dela, me abaixar na carteira e dizer que não adianta ela fazer cosquinha porque eu não vou dizer o que está escrito ali, ela não vai saber nunca, não conto, pode desistir, nem adianta puxar meus braços, apertar minha mão, minhas bochechas, e quer saber o que eu vou fazer?, vou fechar os olhos e encostar de leve meus lábios e minha língua nos lábios e na língua da  minha colega do lado durante a aula.
Eu não devo me assustar com o grito da minha colega do lado nem com a professora berrando de novo comigo que dessa vez eu passei dos limites, nem dizer que eu não passei limite nenhum, professora, nós estávamos só conversando e eu não entendo porque a minha colega do lado começa a chorar e a dizer que eu vivo implicando, perturbando, fazendo bilhetinhos e que ela só gritou porque eu a beijei à força, à força, professora!, e eu nem devo quase começar a chorar também e jurar que não beijei ninguém, é mentira, enquanto a professora vem até aqui, me pega pelo braço e me leva pra fora de sala junto com o bilhete que eu fiz para a minha colega do lado durante a aula.
Eu não devo tornar a sentir uma quentura se espalhando pelo rosto, só que dessa vez de tanta raiva da minha colega do lado, nem chamar o Beto, o Doda e o Codorna e combinar com eles para me esperarem lá detrás das três mangueiras no final do recreio, nem pedir desculpas para a minha colega do lado, que não quer conversa, então eu abaixo a cabeça, me desculpo novamente, ofereço um pedaço do meu lanche pra ela, que sorri, dá uma mordida no sanduíche de pão com mortadela e nós saímos conversando lá para os lados das três mangueiras, onde o Beto, o Doda e o Codorna aparecem e nós agarramos a minha colega do lado, tapamos sua boca enquanto ela se debate, eu acendo um cigarro, sopro a brasa, encosto bem pertinho daquele olho verde e falso e ela fica quietinha, enquanto nós levantamos a sua saia, tiramos a sua calcinha, deitamos ela no chão de terra, eu abaixo a calça e a cueca, me deito por cima dela, desajeitado, vou tentando cada vez com mais força, mais força, e conto que sempre sonhei que minha primeira vez seria com ela e sinto que o meu pau por fim entra naquela carne macia e gozo dentro da minha colega do lado e digo que ela não deve contar nada para ninguém durante a aula.


Cesar Cardoso



Apresentação
Ronaldo Correia de Brito

Há alguma vantagem em se narrar na primeira pessoa? Talvez. Uma delas é que a história parece ter sido escrita por alguém que não o próprio autor. Quando usamos a terceira pessoa, nos tornamos os únicos responsáveis pelo estilo, acertos e erros da história narrada.
Cesar Cardoso, de larga experiência, certamente não pensou nessa questão quando decidiu escrever os vinte e cinco contos de As primeiras pessoas. Se a escolha aconteceu ao acaso, foi seu primeiro acerto. Cada conto é uma voz narrativa diferente, tornando o livro uma polifonia vocal, que o leitor escuta enquanto lê.
Alguns esperam dos livros de contos que possuam uma atmosfera única, um mesmo diapasão narrativo da primeira à última página. Não esperem isso de As primeiras pessoas. Cesar Cardoso surpreende a cada história que narra, ou melhor dizendo, que os personagens narram por ele.
Em “Déjeuner Du Matin”, a voz que se escuta é delicada, reminiscente, com um assumido sotaque carioca. Bem diferente da voz aliciante, dissimulada e perversa de “Chororô”. Em “Eles”, a primeira pessoa narradora esbanja metáforas como ‘pude ver a lua bebendo água na vasilha do cachorro’ ou ‘socava as tristezas com muito alho e noz moscada’. É uma primeira pessoa feminina, com gosto pelo tom estranho, quase sobrenatural. Bem diferente de “Ladies First!”, em que a voz assume o deboche e a ironia, faz muitas perguntas e fala de cinema e televisão.
Ninguém neste livro sentirá o embalo da atmosfera única. Cesar Cardoso inventa modos narrativos, faz experiências como em “Bem unidos façamos”, uma sucessão de cartas engraçadas e ricas em citações, pois se trata de um autor que transita pelas várias formas da arte, mas que também é capaz de escrever com o ritmo fortemente marcado pela linguagem oral e pela música popular. Em todos os contos Cesar Cardoso imprime sua marca de narrador experiente, seguro do que é escrever bem.
O mais curioso nesse livro instigante é ler que ele foi dedicado aos netos. Com tantos experimentos e ousadias, eu o imaginava escrito por alguém bem jovem. Salve a juventude desse jovem senhor! 


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Décio Pignatari


"Décio era um extraordinário poeta e pensador.
O maior poeta-inventor da minha geração, e um dos maiores da literatura de língua portuguesa de todos os tempos. Radical adversário da “geléia geral”, nunca recebeu prêmio algum por seu trabalho.
Incomodava universidades e academias.
Apesar de amplamente reconhecido como um dos fundadores da poesia concreta, era muito mais do que isso e morre — Oswald da minha geração — incompreendido e injustiçado como este.
Não me convence o pós-blablablá de inimigos e pós-amigos de última hora que sempre hostilizaram a poesia de ponta e agora põem a cabeça de fora. Lembro do que Maiakóvski escreveu sobre Khliébnikov.
Onde estava essa gente enquanto ele vivia?
O Brasil das sobras nem imagina o que perdeu.
O filtro do tempo vai ensinar."

Augusto de Campos, 2.12.2012


Textos revolucionários do paulista continuam a luzir entre os novos

LUIZ COSTA LIMA

Mesmo quando não é repentina, a morte é sempre inesperada. Porque acreditamos que a morte é exclusividade dos outros, temos por certo que os amigos não morrem. Sou por isso surpreendido neste fim de tarde de um domingo abafado com a notícia da morte de Décio Pignatari.

Havia quanto tempo que não o via? Apenas de vez em quando tinha notícias suas, que confirmavam continuar o irreverente que sempre foi.

Corro à estante à procura do poema crítico-visual que marcou minha adolescência. Tenho a sorte de encontrar com rapidez sua coletânea "Poesia pois É Poesia". Não sei se será possível reproduzi-la. Se o for, tanto melhor.

Na dúvida, desdobro-a à minha frente. Reproduz-se a nota de um dólar e, em lugar de o centro ser ocupado por uma figura respeitável da história norte-americana, expõe-se a gravura de Cristo com sua coroa de espinhos.

No verso da nota, aparece o mais inesperado: em vez do nome "Cristo", tinha-se o cifrão de nossa moeda, Cr, seguido pelo cifrão do dólar, com o "S" atravessado por uma barra e, a seguir, "isto".

O nome próprio tornava-se o símbolo de nossa dependência, tornada mais explícita e mais ampliada pela complementação da frase "é a solução". O Cristo atualizado é um Cristo de cifrões.

Não serei desonesto comigo mesmo se disser que a solução crítico-poemática foi uma das minhas primeiras e mais fortes amarras para minhas opções, tanto a política como a profissional.

Como a política? Não é preciso esforço para esclarecer: é suficiente saber que fui o benjamim dos aposentados pelo AI-1, de outubro de 1964.

Como a profissional? Aí sim, será preciso esclarecer: a montagem parodística de Décio foi um dos meios pelos quais soube que não queria empregar minha vida senão em conhecer e sempre mais estudar a poesia.

Imediatamente, à montagem referida aparecia a indicação "stèle pour vivre nº 4", trazendo abaixo "mallarmé vietcong". Seguiam-se as combinações entre texto e imagem -não esqueçamos que Décio foi um dos principais propagadores da semiologia entre nós- que não posso reproduzir.

Delas apenas direi que constituíam uma semiologia que o tempo acabou por desgastar. Acreditávamos que o mundo podia ter outra face e que ela seria modelada pela poesia revolucionária de Mallarmé e pela guerrilha, no caso a asiática.

O tempo se encarregou de mostrar nosso engano e ainda nos concedeu que sobrevivêssemos. Mas, se o vietcong desapareceu, os poetas revolucionários continuaram a luzir entre os novos.

Mas como novos então e agora?! Será ilusório então dizer que ser novo não se confunde com uma etapa biológica? Ao menos, quando o novo se converte em algo, por exemplo em texto, deixa de ser uma exclusividade do biológico. Não é precisamente isso que nos faz pensar no verso do próprio Décio, por mais que fosse parte de um poema intitulado "Epitáfio"?

"Lento e fundo é o ar de tuas tardes nos teus poros".

LUIZ COSTA LIMA é crítico literário e professor emérito da PUC-Rio

Folha de S.Paulo, 4.12.2012

sábado, 1 de dezembro de 2012

Salve, Jorge!


antiode para certos barbosas


para o andré capilé, que me deu o mote para o barbosa goleiro herói
                                      

há barbosas e barbosas

uns moram num bairro longe
roubam bolinhos nas marmitas
porque sentem fome
e se transformam em intérpretes
bem humorados dos cafofos das malocas dos trens das onze
e se chamam rubinatos

uns abelardos
jogam bacalhaus e circo
inventam o trono popular dos destronados
os cantores mascarados e os abacaxis
e ai fruita boa
no rebolado das chacretes

uns logo ali
no dessacralizado maracanã calam multidões
mas reinventam o caneco de ouro
e o expresso da vitória dos crioulos vascaínos
chamam-se moacir estes barbosas
que reclusos evocam por si mesmos o estigma
das injustiças

que o populacho midiático grita
que o penacho dos capachos vibra no ar
e os minervais, e os indiciais, e as vestais, e as togais
pessoas
como se a pátria fosse deles
como se a pária dos rapaces rapinantes
nada com eles houvesse na compra de votos reeleitivos
no chicote que estala nas costas dos mortos-vivos
que trabalham e suam

como antes suavam os escravos

mas há outros barbosas, mais venais
como um que se chamou ruína
e queimou os apêndices da escravidão para mantê-la
nos homens livres
e pousou de águia quando era um pombo correio
das assombrações governamentais que medravam
nas lavouras de café, nas lavouras com que o lavoura
incitava a implementação do capitalismo de coronéis

e tome suruba, palavras difíceis e dosimetrias
como data vênia e jogo para os jornais minervais
e revista vejas e

tome suruba, posturas imperiais e aiaiais
das iaiás e dos ioiôs
e tome

suruba

esses ruis vão a haia
vão à praia
vão à baia
vão à laia

dos ruis redivivos

e fecham a cara
e abrem as arcas
as sacas do neo latifúndio nacional

são doutores que doutoram
são auditores que auditoram
são ores que oram

por um deus mais nefasto
que os deuses dos basbaques
por um deus mais infausto
que os deuses de fausto
ou como lembra marx sobre o ópio do povo
esses que oram pelos deuses de ouro
rezam contra
a memória dos escravos
rezam contra
como rezaram contra getúlio
como rezaram contra o luí de gonzaga
e contra a memória dos governos populares

(Oswaldo Martins)

três poemas amorosos sobre a nudez


poema para moça na praia nua

o mar sentou-se em seu colo
os pelos embebidos
na água oxigenada
eram uma dádiva

do corpo escuro ao sol

como uma concha nua
os deuses de areia
fizeram escorrer água
sobre o dorso escuro

de sua pele luz

(Oswaldo Martins)

poema para a moça no sofá nua

sob a casa nua
no sofá

declara a luz

o ápice da sala
escura

(Oswaldo Martins)

poema para moça dormindo nua


despistam ali cediços movimentos
o movimento e a pausa
depois o recomeço

o tempo aguça-se pele
ao som do cravo
ao somo do Jimi

em linha curva o braço
recobre o rosto
faz levitarem os peitos

(Oswaldo Martins)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Poema galhofeiro 3 e 4

Poema galhofeiro 3

por fim, o ladyslaw conseguiu levar a irmã ao dentista
vamos brincar de cabra-cega?
só não me iludas como fazias como quando éramos pequenos.
sem nada ver, sem nada sentir, por causa da anestesia, a irmã do ladyslaw voltou a sorrir.
embora parva, a irmã do ladyslaw era de uma beleza estonteante
era mesmo uma rapariga por aí afora
se bela por que parva?
se parva por que bela?
perguntava-se o ladyslaw.*
ao menos posso entrar com ela de braço dado no salão
eu sou bonito e ela é bela
consolava-se o ladyslaw.

 *imitando Brás Cuba



Poema galhofeiro 4

ao modo de Dalton Trevisan

o ladyslaw andava mesmo feliz
se antes escondia-se da irmã
andava agora a exibi-la
estaremos lá no baile de sábado
diziam os dois ao mesmo tempo
mas lá pelo meio da semana 
surpreendeu-o um sapinho no canto direito da boca
não posso não posso não posso ir ao baile
gritava o ladyslaw para uma irmã espantada e que nada compreendia


elesbão
20/11/12

No Recife


Palestra no Recife
Em 23 de novembro, 2012

Luiz Costa Lima

Entendo que o convite para participar desta comemoração seria dirigido antes a Paulo Freire do que a mim. Assim o digo porquanto a revista Estudos universitários, junto com a Rádio da Universidade, foram fundadas em conexão com o Serviço de extensão cultural, dirigido por aquele saudoso amigo. Ou, reconhecendo a generosidade dos responsáveis pelo convite, que ele seria extensivo a José Laurênio de Mello, aos muitos que colaboravam com a revista, com a Rádio Universitária e com o SEC. A “indesejada das gentes”, contudo, se antecipou, levou aqueles amigos e apenas a mim poupou.

No momento em que recebi o convite, não apenas, agradecido, o aceitei, como acrescentava que não faria uma evocação dos anos em que Paulo, Laurênio, Orlando da Costa Ferreira, Gastão de Holanda, Sebastião Uchoa Leite, os outros muitos colaboradores e eu trabalhamos em um projeto que hoje eu reconheço como era utópico; que não faria tal evocação se não estivesse seguro que aqueles amigos concordariam ser preferível dedicar o pouco tempo de que disponho a uma reflexão sobre os dias de agora. Mas, se uma reflexão pretende ser eficaz, deve deixar claro sobre que incide. Por isso acrescento: procurarei pensar sobre os rumos do pensamento sócio-filosófico contemporâneo.

Começo por diferençá-lo do tempo que aqui se evoca. Nos anos imediatamente anteriores ao golpe de 1964, o mundo vivia na alternativa de dois sistemas sociais: o capitalismo e o socialismo marxista. Alguém poderá com razão contestar que a alternativa há algumas décadas já não existia, pois o stalinismo convertera o projeto socialista em uma das modalidades do totalitarismo que se espalhava pela Europa. Mas esta não era a perspectiva que então tínhamos. Em troca, hoje ninguém duvidará que o mundo vive sob um capitalismo globalizado. É dentro deste que então se dispõem as duas concepções epistemológicas que irei brevemente assinalar e ainda mais brevemente analisar. Elas ancoram, respectivamente, nos princípios do sujeito autocentrado, e da linguagem, i.e., do que nela textualmente se produz.

A primeira coincide com a abertura dos tempos modernos e encontrou seu lema na frase emblemática de Descartes: cogito ergo sum. Sobre ela, legitimou-se o primado da ciência, sendo justificada pela alegação de que assim o humanismo se realizava.

Embora o primado do sujeito autocentrado ainda encontre um grande propugnador na figura contemporânea de Edmund Husserl (1859-1938), a partir das últimas décadas do século XIX, essa concepção passou a se identificar com o pensamento conservador; como tal, temeroso das inovações. Prova sumária do que dizemos: na década de 1970, entre nós, quando uma mente conservadora se manifestava contra as tendências mais recentes, sem, por isso, querer se mostrar partidária da ditadura sob que vivíamos, recorria à defesa do humanismo, que estaria sendo traído pelo que se chamava de “razão analítica”.

A partir do fim da 2ª Grande Guerra, o mal-estar criado por tal tradicionalismo favoreceu a rápida propagação da linha contrária. Enfrentando o realce do cogito, levantava-se o primado da linguagem. Por economia de tempo, limito-me a chamar a atenção para um enunciado de Michel Foucault: “O ser da linguagem não aparece por si mesmo senão que no desaparecimento do sujeito”. A frase se encontra em um ensaio publicado em 1966, intitulado “La Pensée de dehors”, em que o “de fora” acentuava o que se dava e cumpria fora da interioridade do sujeito.

Ora, assim como a primazia do cogito servia de respaldo para um pensamento conservador, o primado da linguagem era o lema de um pensamento que se queria transformador. Por isso, deve-se associar à concepção do “pensamento de fora” aquele que, no mundo anglo-saxão, se tornou conhecido como o linguistic turn, difundido a partir do Metahistory (1973), de Hayden White. Embora as duas concepções fossem radicalemnte distintas, ambas foram fortalecidas pela propagação da hermenêutica de fundo heideggeriano, que, formulada desde 1927, se expandiu pelo Ocidente, sobretudo depois do fim da Grande Guerra.

É verdade que, desde as últimas décadas do século XX, passou a ser cada vez mais compreendido que a pretensão transformadora que se fundava no primado da linguagem era contraditada por sua neutralização do sujeito, entendido como mero mensageiro de projetos e propostas determinados pelas estruturas sociais. Por isso o chamado desconstrucionismo, que englobava tanto os seguidores de Heidegger, como os então chamados pós-estruturalistas, passou a se desgastar, precisamente no ambiente em que mais havia prosperado: o das grandes universidades norte-americanas.

Na impossibilidade de acompanhar as mudanças então introduzidas, apenas aludamos muito brevemente ao modo como nos situamos. Não se trata, penso eu, de retornar ao velho cogito cartesiano, mas de reelaborá-lo de fio a pavio. Como assim? Desde logo, pela afirmação de que o ato de cogitar não se confunde com a fundação de um pensamento. E essa fundação, enquanto individual, muito menos é bastante para adquirir a força de expansão de um sistema irradiante, como foram os baseados nos princípios do sujeito autocentrado e da linguagem.

Uma imagem nos ajuda a transmitir mais rapidamente o que pretendemos dizer. A formulação de um pensamento enquanto individual constitui um sistema que pode conter uma enorme força interna de explicação. Mas, enquanto permaneça individual, essa força não é bastante para abalar um modo de pensar estabelecido. Enquanto permaneça individual, um pensamento, ainda que poderoso, é comparável a uma chispa que, ao disparar, atingisse um solo úmido ou encharcado. A chispa precisará encontrar um chão coberto de folhas secas que, alcançado, provoque uma explosão transformadora. Isso equivale a dizer o cogito tornou-se a explosão de que derivaram os tempos modernos menos pela força que o sistema cartesiano por si mesmo lhe concedia, senão porque encontrava um chão propício, não mais encharcado pela umidade teológica que até então o impedira. Do mesmo modo, podemos dizer a ele viria a se contrapor a afirmação da linguagem porque o sujeito do paradigma contrário era considerado como uno e integral. E porque o sujeito era considerado uno, tornava-se fácil identificá-lo com a ideia de Ser e contrapor esta ideia de Ser à ideia de existência (Dasein). É precisamente isso que fará Heidegger em sua obra de 1927, Ser e tempo, que, extremamente influente no pós 2ª Grande Guerra, servirá de respaldo a formulações como a lembrada há pouco de Foucault.

A proposta com que iniciaria a contraposição aos paradigmas antagônicos consiste em afirmar que a base do pensamento humano é um sujeito não uno, mas, ao contrário, internamente divergente, contraditório, fraturado, não no sentido negativo do termo, mas no positivo de internamente dissonante e desarmônico. A desarmonia do sujeito humano se manifesta pela discordância que se manifesta, em uma mesma faixa temporal, em suas atuações nas frentes ética, familiar, professional, política, estética, religiosa, etc.

Como não haveria tempo para explicar o que apenas levemente exponho, pergunto-me por fim: que condições de propagar-se tem a chispa do sujeito internamente desarmônico? A resposta simples seria: à medida que formulada aqui, em um país ainda intelectualmente colonizado, sua possibilidade de propagação é nenhuma. Ou, noutra formulação: pensar que mais do que uns poucos poderiam levá-la a sério seria mais utópico que o projeto que agora se comemora. Por que assim senão em virtude de que nosso próprio chão é encharcado, incapaz de expandir as pequenas chispas que o atinjam. Por que encharcado? Porque para nossas elites políticas a única coisa que parece interessar ao desenvolvimento do país são as condições tecno-econômicas. Em troca, o que aqui expomos seria por elas considerado um tema de “cultura”, termo que, para nossas elites políticas, é apropriado para algo insignificante como os discursos de batizado, de formatura ou de casamento. Prova rápida do que se afirma: enquanto, segundo os economistas, estamos hoje entre as grandes economias do mundo, nosso sistema escolar, aí incluindo a universidade, se degrada de modo assustador.

Por fim, pensando em termos do que, nos primeiros anos da década de 1960, preocupava Paulo Freire: enquanto para ele o combate contra o analfabetismo dominante no país merecia o sacrifício da prisão, do exílio, do ostracismo, hoje o problema assume outro ângulo: talvez nenhum sacrifício seja agora suficiente para ir de encontro à nova face do país. Que nova face? A de um lugar em que à diminuição do analfabetismo corresponde o aumento de algo de que é pouco polido falar-se: o aumento dos analfabetos alfabetizados. Para esses, nada mais importa senão o preço do dólar, a balança de pagamentos, o aumento das exportações, a valorização das ações na bolsa. Daí, por exemplo, o descaso com que tem sido tratada a questão da população indígena dos Guarani-Kaiowá, expulsa das terras em que ela, há séculos, tinha seu modo de vida estabelecido, por força do agrobusiness mato-grossenses ou a expropriação das terras ribeirinhas de outra população indígena, para que aí se instale uma hidroelétrica. Deste modo, como disse em entrevista recente o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, o Brasil tem perdido a oportunidade de mostrar ao mundo outro modo de lidar com a diversidade dos povos e suas culturas, de não confundir progresso com a destruição de povos não poderosos.

Em suma, para o que foi aqui dito não seja absolutamente inútil, gostaria de solicitar às autoridades presentes que, na medida de suas forças, alertem aos que nos dirigem que a miséria de nosso sistema educacional terminará por tornar ilusório o crescimento apenas tecno-econômico que tanto os preocupa. Mas essa solicitação não continua a manter a utopia com que me referi ao projeto que Paulo dirigira?

sábado, 24 de novembro de 2012

Friagem

quando eu voltar
do terremoto quero
que meu queixo trema
de frio no teu colo

enquanto isso
Penélope

não canse a ansiedade
e a pressa
do balanço de tuas pernas
cruzadas sob as cadeiras

(Luiz Coelho)

Pilulinha 24


Em Agulhas Descartáveis, livro de Luiz Coelho, editado pela Oito e meio, encontram-se algumas boas soluções para a formulação do poético, outras nem tanto.  Parece-me, ao contrário do que o prefácio diz, um livro irregular e de certa forma imaturo; o que não significa dizer que seja um livro ruim.

A poesia contemporânea parece ter pressa, os poetas querem se ver logo publicados, com ironia, poder-se-ia dizer que se acham todos um Rimbaud; mesmo antes de afiarem a faca da linguagem, tornarem-na plena, preferem as aspas das tesoura que revelam não a lâmina afiada da lâmina cabralina, mas a possibilidade de mascar. Ou mesmo, antes de alucinarem  a linguagem nas experiências das poéticas alheias, preferem a alucinação mais fácil do verso forçado,  porque ligada diretamente à vida – se posso repetir a ironia – acham-se todos um Whitman. Não sei se seria o caso de guardarem sua produção, de fazerem cortes, de evitarem algumas facilidades como a que o poeta comete no verso “por espremidas, meio que mal exprimidas” . Lembro-me  ao ler os versos acima de comentário feito por – se não me engano – Mário de Andrade, quando saúda o aparecimento de Vinícius de Moraes, poeta novo – que publica pela primeira vez perto dos dezoito anos – e critica o verso francamente ruim do “que passa e fica, que pacifica”.

Embora seja feita essa ressalva, há poemas de força marcante, como a série de hai-kais e friagem. Este poema é, a meu ver, uma das sínteses mais curiosa e bela do que a literatura de viagem vem produzindo ao longo de toda a tradição poética ocidental – sem que queira abarcar a completude do mundo, como intentaram diversos poetas. A síntese buscada confronta os grandes esquemas interpretativos do mundo e delineia um gostosíssimo tom menor nesta viagem à intimidade sugerida.

Friagem possui dois quartetos que são ligados por um elemento de passagem representado por um dístico, revelador – na linguagem – dos sentidos que transformam a narratividade numa intimidade lírica. O comentário extrapola a grandiosidade do épico com que se inicia o poema na narratividade anunciada do  “quando eu voltar” e ao usar habilmente a cena contígua “enquanto isso” de sabor rotineiro anuncia um vocativo,  Penélope, que transtornará a receptividade insinuado do narrativo mergulhando o poema nas forças da lírica, indicada pela presença de um imperativo que joga a cena poética no só no tecido lírico mas na intimidade que volta anuncia.

Quando a poesia atinge um grau de expressividade tão elevada, deveria o poeta ater-se a ela e com ela descobrir os caminhos que sua construção exige e de que a poesia de nossa época anda carecendo.

(Oswaldo Martins)






terça-feira, 20 de novembro de 2012

poema galhofeiro 2

poema galhofeiro 2*

estava o ladyslaw a dançar com uma mulata muito bem jeitosa
dançavam um tango
eram pernas pra cima pernas pra baixo pernas e coxas entrelaçadas
quadris retorcidos e dobrados
beijos que não foram dados
bofetadas fingidas

no aconchego do bolero
o ladyslaw arriscou
quero tanto conhecer a Bahia
eu também
então você não é baiana?
não
não vá me dizer que você é portuguesa
com esse seu sotaque...
sou do sul
os portugueses que andaram lá por cima
também andaram pelo sul.


elesbão
17/11/12


Poema galhofeiro

poema galhofeiro


o ladyslaw não era um príncipe
mas era tão bem apanhado como se fosse

o ladyslaw não era um príncipe
mas era tão refinado como se fosse

sabia fazer a corte às damas do clube que frequentava
e eram poucas as que não se deixavam levar pela sua lábia

mas o ladyslaw tinha uma irmã
tão bela e tão refinada quanto ele

não tinha a mesma sorte do irmão
por ter um dente cariado de que não cuidava
(tinha medo do alicate do dentista)
cheirava mal

a irmã do ladyslaw tinha uma inveja desnecessária dele
bastava ir ao dentista
mas entre ir ao dentista e aporrinhar o irmão
a irmã do ladyslaw preferia aborrecer o  ladyslaw

ciente de que ladyslaw não queria que ela o acompanhasse
(e com razão)
a irmã lhe perguntava: quando há baile?

não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!

elesbão
17/11/12

A poesia de Dora Ribeiro


A poética de Dora é uma poética que se destaca no atual panorama da poesia brasileira. Tem a contenção de um João Cabral, sem que com ele divida as preocupações do fazer poético, isto é, embora seja fronteiriça ao grande poeta, sua poesia adquire voz própria desde muito cedo.  A contenção se alia a certa voltagem de emoções que transbordam e voltam à contenção e criam um estilo paradoxal em que o íntimo transborda para ser aplainado pelo pensamento que se desliga do íntimo e atinge o universal. Por isso sua poesia diz tanto, permite ao leitor vislumbrar as raízes de onde partem, mas ao mesmo tempo desligam o leitor destas raízes, fazendo com que ele, leitor, se abra para o pensamento em espiral – uma espiral contida – um labirinto que é e não é ao mesmo tempo o labirinto de Creta – e ali encontre apenas o encontrável da poesia – ou seja – ela mesma.

A poesia de Dora é um pouco o sonho de ser da poesia. Uma poesia que dá a ver o mundo como poesia e, intransigente com esse mundo, constrói artefatos que são a razão mesma da vida transgredida até a poesia. Nela se acha o leitor e é colhido pelo que há de mais importante no fazer-se potência deste paradoxo que puxa de uma ponta a outra os entraves que a vida e a poesia nos propõem. Certa feita Luiz Costa Lima sobre a poesia de Dora a define como uma poesia para o pensamento.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


O escritor Luiz Costa Lima lança seu primeiro livro de Ficção: Me Chamo Lully – Uma curiosa autobiografia de uma cachorrinha

Lançamento na Livraria Argumento, no Leblon, no dia 5 de dezembro, às 19h

Ilustrações de João Paulo Andrade


Bruno Negri, pseudônimo do escritor Luiz Costa Lima, lança no dia 5 de dezembro, a partir das 19h, na Livraria Argumento, no Leblon, o livro Me Chamo Lully, pela editora Bookmakers. O livro é uma divertida autobiografia de uma cadelinha shitzu, que une a narrativa, ao mesmo tempo fluida e pensante de Luiz Costa Lima, às belas ilustrações do artista João Paulo Andrade.

O resultado é uma obra surpreendente, que narra várias aventuras da cachorrinha, desde sua chegada à casa da família que se tornará sua, passando por suas desventuras amorosas, um rápido sequestro, seu espanto com a gravidez e a alegria de se descobrir cercada por filhotes. Longe de ser apenas mais um “livro bonitinho com uma história de cães", este livro traz uma visão bem-humorada dos humanos e de seus hábitos por meio do constante estranhamento de Lully com as diferenças entre seu "auês", linguagem que uma engenhoca ficcional traduz para a tela do computador, e a linguagem dos humanos.

O autor e a editora convidam todas as pessoas e também seus cães para participarem do lançamento do livro. A própria Lully estará presente “autografando” e participando do coquetel para caninos e não-caninos.

Luiz Costa Lima é um dos maiores críticos literários do país. Possui uma vasta produção acadêmica, com traduções para o inglês e o alemão, bem como quase cinco décadas dedicadas ao magistério, dentro e fora do Brasil. É autor de mais de 20 títulos. Me Chamo Lully é seu primeiro texto de ficção.




O Livro

Este é o começo da surpreendente autobiografia de uma cadelinha shitzu, chamada Me Chamo Lully. Nela, Lully conta como chegou à casa em que se encontra, seu amor desesperado por um cão que a despreza, o sequestro que sofre em Búzios, sua única gravidez de vários filhotes, de que apenas um ficou com ela para ser seu companheiro. Mas, sobretudo, Lully conta sem malícia, mas também sem falsos angelismos, como percebe os humanos que convivem com ela. Na verdade, e talvez seja isso que mais importa no livro que está sendo lançado, trata-se da visão de uma família humana, de tamanho e hábitos medianos, semelhante em seus humores a tantas outras, pelos olhos de uma cadelinha shitzu.  Imersos neste universo canino, é na distância entre a percepção de Lully e a visão dos humanos que o livro cria um espaço ficcional ao mesmo tempo mágico e reflexivo.



ME CHAMO LULLY

Autor: Bruno Negri
Editora: Bookmakers



 Serviço
Lançamento do livro Me Chamo Lully – Editora Bookmakers
Local: Livraria Argumento – Rua Dias Ferreira, 417 - Leblon, Rio de Janeiro
Tel: (21) 2239-5294
Data: 5 de dezembro de 2012
Horário: a partir das 19h