segunda-feira, 23 de junho de 2008

IMPRESSÕES DIGITAIS 2

IMPRESSÕES DIGITAIS
de Cesar Cardoso

17 COYOTES À SOLTA!

Onde é que você pode encontrar poemas do escritor chileno Roberto Bolaño, traduções de Gertrude Stein, uma antologia de seis poetas brasileiras, entrevista e tradução de textos do ensaísta e poeta romeno Andrei Codrescu, autores novos daqui e de fora, um trabalho gráfico tão ousado quanto a linha editorial que juntou isso tudo e mais e mais e mais?
A resposta é o número 17 da revista de literatura e arte Coyote, que já está à venda nas boas casas do ramo, também conhecidas como livrarias, ou no site da Editora Iluminuras (www.iluminuras.com.br), onde também podemos encontrar os números anteriores da revista. O 17 traz 52 páginas de invenção pelo precinho camarada de dez pratas. Coyote existe há mais de 5 anos e é editada em Londrina pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak, Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes. Olha o e mail deles aí: revistacoyote@uol.com.br. É uma ótima leitura, uma pechincha e até mesmo um presentão.

O PORTUGUEZ DO SECULO DEZOUTO

www.ieb.usp.br/online. Este é o site do Instituto de Estudos Brasileiros onde se encontra à disposição de todo mundo informatizado o “Vocabulario Portuguez & Latino”, do padre Rafael Bluteau. Suas mil páginas formam o primeiro dicionário monolíngüe da língua portuguesa (os anteriores eram todos latim-português). São dez volumes com 44 mil termos, que foram publicados entre 1712 e 1728. Este verdadeiro trabalho de Hércules, uma parceria entre a Universidade de São Paulo, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e a Biblioteca Guita e José Mindlin, foi coordenado pela historiadora Márcia Moisés Ribeiro. Além de ser uma fantástica relíquia e uma curiosidade ímpar, a obra é fonte importante de pesquisas.


FLA X FLUS DA LITERATURA

Cogito

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim

Torquato Neto é o autor de “Cogito”. Letrista da Tropicália, parceiro de Gil, Caetano e Edu Lobo, entre outros, jornalista, ator, agitador (contra) cultural e um grande poeta, Torquato era multimídia. Nasceu em 1944 em Teresina e se matou no Rio, em 10 de novembro de 1972, deixando um bilhete onde dizia: “pra mim chega”.

Podemos encontrar nas livrarias tradicionais o abrangente “Torquatália”, em dois volumes, editado pela Rocco e organizado por Paulo Roberto Pires. O livro reúne a obra de Torquato, enfeixando todas as várias áreas de trabalho onde ele atuou. Em sebos e também na internet achamos “Os Últimos Dias de Paupéria”, reunião de seus poemas. Há também o site www.torquatoneto.com.br, onde se tem uma boa visão geral da produção torquatiana e se pode até fazer o download de diversas canções dele. Toninho perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.” Vaz escreveu uma biografia do poeta intitulada “Pra Mim Chega”. E um documento raro é o disco “Torquato Neto”, que reúne suas principais composições e foi lançado em 1985 pela RIOARTE. Deve ser difícil encontrá-lo. Uma possibilidade é a loja da FUNARTE, que fica embaixo do Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio.

O legado de Torquato não é apenas sua obra, mas também sua intensa participação na discussão e construção de uma arte de vanguarda, que se mistura com a vida e não abre mão das utopias, ao contrário dos tempos bunda-moles de hoje. Fala, Torquato: “leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do

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