terça-feira, 15 de julho de 2008

Dois poemas de Cesar Cardoso

coisa diacho tralha

1.
sobrevivente da calamidade
amor não tem cara nem metade

amor coisa diacho tralha
não divide nem migalha

amor silêncio da loucura
todo dia contigo amanhece

amor inferno que você carrega
e desconhece

2.

joana rasga as fotos
do amor já torto e roto

waldemar toca a beber
pra matar a embriaguez

martins arranha os discos
e por fim o prego no ouvido

inês dá três tiros na aorta
três seu número da sorte

soraia faz juras e pula
será do amor essa altura?

as pazes se desfazem
a cara cospe a metade

resta sem ganir o cão
que ainda fareja as mãos

onde já não há pessoa
só o cachorro perdoa

(Cesar Cardoso)

2 comentários:

  1. Desiludido amor, coisificado. Ainda assim, gostei muito. Neste universo de mitos modificados, idéias modifeitas (transmutadas em moda, o amor se torna mero objeto do in-culto,do incauto.
    Beijos,
    Bianca.

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  2. gostei, cesar. bem resumido.
    alô, oswaldo. te linkei. demorou.

    bj todos

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