A última crônica do livro de Rubem Fonseca - O romance morreu - emocionou-me. Momentos houve em que a leitura tinha de ser interrompida, pois a impossibilidade física de prossegui-la, provocada pelos olhos marejados, compunha um quadro estranho.
Como não gosto de que me vejam tomado pela emoção - sinto alguma vergonha - e em minha casa, os filhos rodam em torno, necessitava de um estratagema para fruir a leitura. Acostumei-me a ler, desde cedo, sentado no banheiro de casa. Mesmo na casa de meus pais, pois éramos sete irmãos, que dormíamos em pares nos quatro quartos da casa, a necessidade de me isolar correpondia ao sentar-me no chão do banheiro para ler. Assim fiz. Sentei-me no chão do banheiro.
A expressão do reconhecimento do mundo, que José vai tramando ao longo da crônica, primeiro nos livros, depois nas ruas desta cidade incrível que é o Rio de Janeiro, recompunham um pouco de meu trajeto - eu também, vindo das Minas, aprendi a ver o mundo primeiro pelos livros. Só quando, adolescente, nas ruas do Rio foi que aprendi a olhar o mundo fora das palavras, a sentir o cheiro da vida, das esquinas, que marcariam de maneira tão intensa minha percepção das pessoas, dos objetos do cotínuo que é a vida.
Por isso a emoção, por isso a necessidade de ler escondido. Por isso escrever sobre a crônica. Que as pessoas leiam, mas eu me reservo o direito de fingir que é apenas literatura.
Ah! Alem�o, que lindo o "Jos�.
ResponderExcluirMe emocionei,tamb�m ao l�-lo. Muito.
Beijo Dani