sábado, 1 de março de 2025

os versos da puta

 

__ na boca! na boca!

umas davam-lhe as costas com repugnância

outras porém faziam-lhe a vontade

(manuel bandeira – na boca)

 

 

a elas, as de mãos dúcteis, o verso compra

o carinho efêmero o silêncio o desbordar

no íntimo de si

 

iguais na malícia saem ao mercado feiram

e impõem se mutuamente o alegre preço

do acordo tácito

 

assustam o mundo do espetáculo ele e elas

proibidos se ferem ao celebrarem a hecatombe

das entranhas-fim

 

ao alegrarem os deuses com a sordidez dos atos

usam escusas tão dúbias quanto o seriam as vozes

do indizível

 

ele e elas revelam o mundo do de diversos nomes –

possuidores se tornam, oxalá, a cara manifesta

do consumo

 

oswaldo martins

Um comentário:

  1. O verso compra o csrinho efêmero, imagem enfática. De um realismo!

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