sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Maria Pawlikowska-Jasnorzewska

A linhagem da bruxa

 

A todos juro amor eterno:

pardas campânulas da loucura, beladona tresmalhada,

coruja, lua nova, sapo, bufo-real e hiena;

tabaco de cor deslavada

e sombria cicuta que o sabugueiro armazena.

Eu, bruxa sem vassoura,

de coração chamuscado,

saudosa de um pobre demo afastado,

fitando o mundo como uma bola de cristal,

amo-te e acolho-te no meu coração leal,

linhagem de bruxa e de maga,

suspeita, desconfiada, amada...


A fogueira

Agarraste-me pela tempestiva cabeleira,

meu mestre do fogo!

Com os teus braços que nem cordas

amarraste ao coração uma fogueira.

Desforram-se as magias e os feitiços!

Ah, não há quem estenda a mão!

O dia ardeu cedendo à noite de carvão,

por entre faíscas e bulícios.

 

Trad. Teresa Fernandes Swiatkiewicz 

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