domingo, 14 de fevereiro de 2016

fragmentos para uma poética

1

a realidade é um mero acaso, dela só nos aproximamos quando a construímos, por isso ela é intransferível.

2

as palavras com as quais os homens se ao mundo são pretensas e nada dizem do que se quer dizer.

3

a melancolia pode ser uma forma possível de ver; a euforia também: a única forma de ver é desver. o mundo visto do sovaco.

4

uma perna diz tanto do andarilho quanto um poema do seu criador, i. é, nada.

5

uma borboleta pode não ser uma borboleta; o cão um objeto contra a vontade do próprio cão.

6

eu – o colecionador de cabeças.

7

as cabeças do alheio – uma forma de pensar o eu

8

os franceses inventaram um eufemismo que nos esconde – a pequena morte é uma visão religiosa do sexo

9

minimalhas
do alheio

ou

a iluminação
do imenso

10

os nus de modigliani são mais reais
que a buceta de coubert

(oswaldo martins)


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