quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

"2 variações do mesmo rio":

I

dos nós de nosso contexto,
textos são feitos diversos.
de muitos fios que se tecem,
no conforme de portar
os ciclos, e suas voltas,
por dentro de vias e vaus.
e seguimos, por cuidado,
em turnos e tubos, mas
só comemos o coturno
dos dias. do singular
agudo de um rio vivo --
natural -- embarco o rio;
não medido pelo fundo,
nem pelo estanque das margens.

II

um rio, são rios de água vária,
que na avaria do terreno encontra
percurso. um rio tem muitos caminhos,
que em si deságua pedra, queda bruta.
que não por navegar, mas de ser levado
a beber dele -- o remoinho -- um rio
que corre sem córrego, natural
da força donde se cria a si, sem
freio -- puro dínamo de ser rio
corrente, uma usina de não caber
em comportas -- não se estagna em remanso.
nos damos muito próximos à dança
mobilizados ao tremor dos dias.
brandos, somos dois; somos como bandos.

(André Capilé)

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