sábado, 14 de março de 2015

Pilulinha musical 2

Escuto a música de Paulo Cesar Pinheiro há muito tempo. Desde minha adolescência, vivida em Barbacena, quando o Bernardino me apresentou um álbum do Eduardo Gudim, lá pelos idos dos ano 70. Havia neste álbum músicas antológicas, como A velhice da porta-bandeira. Desde então, escuto as músicas do compositor.  

Mais tarde descobri a parceria com João Nogueira, com Baden, e uma infinidade de parceiros tão distintos, como os mais afeitos ao samba – Mauro Duarte, Wilson das Neves – e os que compõem a mais legítima música popular brasileira, como Tom Jobim, Guinga e Edu Lobo.  A parceria com Guinga é bem mais antiga do que possa supor a atual fama e sucesso – merecidos aliás – do compositor de Vila Valqueire.

Sempre me espantou a capacidade de bordar a melodia com versos definitivos, perfeitos. Quem ouviu agravação de Monica Salmaso da música Fim dos tempos sabe do que estou falando.  Entretanto, me incomoda – puta que o pariu – algumas questões. Sempre soube elas que eram muito, mas muito bem resolvidas, mas que seguiam um padrão do já lido, ou mesmo um saudosismo frequente ou a questão, que nunca resolvi no compositor, de uma religiosidade meio travadora que às vezes barra a proposição agressiva das composições. Quem ouviu O importante é que nossa emoção sobreviva haverá de ter sentido esse mesmo desconforto.

Sou implicante, eu sei. Gosto desconfiando , mas gosto.


(oswaldo martins)

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