quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Boca de sapo

Costurou na boca do sapo
um resto de angu
- a sobra do prato que o pato deixou.

Depois deu de rir feito Exu Caveira:
marido infiel vai levar rasteira.

E amarrou as pernas do sapo
com a guia de vidro
que ele pensava que tinha perdido.

Depois deu de rir feito Exu Caveira:
marido infiel vai levar rasteira.

Tu tá branco, Honorato, que nem cal,
murcho feito o sapo, Honorato,
no quintal.

Do teu riso, Honorato, nem sinal.
Se o sapo dança, Honorato,
tu, babau.

Definhou e acordou com um sonho
contando a mandinga,
e falou pra doida: meu santo me vinga.

Mas ela se riu feito Exu Caveira:
marido infiel vai levar rasteira.

E implorou: "Patroa, perdoa,
Eu quero viver.
Afasta meus olhos de Obaluaiê",

Mas ela se riu feito Exu Caveira:
marido infiel vai levar rasteira.

Tás virando, Honorato, varapau,
seco feito o sapo, Honorato,
no quintal.

Figa, reza, Honorato, o escambau,
nada salva o sapo, Honorato,
deste mal.

(João Bosco / Aldir Blanc)

Nenhum comentário:

Postar um comentário