quinta-feira, 25 de junho de 2009

antiode para imelda marcos, com direito a papa doc

o haiti é aqui
(caetano veloso e gilberto gil)

senhora das terras herdeira eterna chefe de clã
usurpadora de tronos
as chamas do inferno esperam por ti

lá pululam os pequenos pobres-diabos que o manto da impunidade criou nos montes santos dos coronéis lá estão também os filhos da pátria preparados com chicotes para açoitarem tuas costas nuas nas noites brasílicas do estupor e do caos

terás as carnes usurpadas e o aspecto macilento das meninas nordestinas atormentará como fantasmas inconsúteis a trama dos fios de ouro de seus vestidos e negociatas comporão sobre teus desejos hinos de ódio e desamor

pedirás que não te apedrejem, puta
não de amores satisfeitos,
mas cafetina azeda a distribuir pobreza e malversação de verbas
mas cafetina de meninas – tudo é também obra tua
os obeliscos da pobreza, o lixo acumulado nas consciências dos semi-alfabetizados as vias entupidas da estupidez o estado infeliz das anciãs abandonadas a eterna dependência das igrejas

tudo ponho em tua conta, cachorra

caolha calhôrda os cães te esperam com dentes afiados com a boca fétida com as patas potentes e sujas de merda para fazer com que a engulas e mesmo assim as versos apostrofaicos não se darão por satisfeitos.

exigem a cremação dos ritos a política de terra arrasada a destituição do império erguido os romantismos toscos das chorumelas dos chouriços dos toitiços que correm em tuas veias platinadas e fazem as pessoas lacrimejarem bobas lágrimas
a tola emoção que corre em tuas veias
e impede às pessoas os pensamentos do abismo

espera por ti também neste inferno o desdestino de Beatrice.
tu voltarás, bandida, para acercar-se das cadeias
do calabouços
da miséria
da fome

provarás das gonorréias dos cancros e ao procurares os hospitais públicos para te cuidares fecharão as portas para que morras, velha cadela,
com uma mosca entrando-te pelos orifícios.

(oswaldo martins)

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