Acabo de ler novo livro de Dalton Trevisan. Continhos galantes. Como já vem sendo comum, o autor curitibano enfrenta os desafios da linguagem com economia. São curtos e mordazes. Não dão ao leitor muitas chances de se compadecerem das personagens. Secos, lembram as misérias da vida. Parecem ser realistas. Entretanto, a linguagem mínima, com que os constrói, busca afirmar-se num ponto além da vida cotidiana. Esclareça-se: um ponto além que desconstrói, não apenas a vida bem-posta dos cotidianos, mas a própria concepção de linguagem com que se está acostumado.
Irônico, o autor parece querer fazer com que o leitor se depare com uma formulação que desafia as máscaras românticas do amor, dando a esses rostos desmascarados o caráter definitivo da solidão em que os homens estão mergulhados. Neste sentido, a percepção cética da aceitação tem caráter duplo. Embora se saiba que o jogo da linguagem foi feito para comunicar, percebe-se que essa comunicação prescinde da linguagem, pois já está inscrita nas condutas sociais que seus personagens encarnam. A linguagem apenas sublinha um desacordo que ao cabo se revela ineficaz, já que se baseia no fingimento do que se afirma. Deve-se ler o Vampiro, pois, com os sinais trocados.
(Oswaldo Martins)
Irônico, o autor parece querer fazer com que o leitor se depare com uma formulação que desafia as máscaras românticas do amor, dando a esses rostos desmascarados o caráter definitivo da solidão em que os homens estão mergulhados. Neste sentido, a percepção cética da aceitação tem caráter duplo. Embora se saiba que o jogo da linguagem foi feito para comunicar, percebe-se que essa comunicação prescinde da linguagem, pois já está inscrita nas condutas sociais que seus personagens encarnam. A linguagem apenas sublinha um desacordo que ao cabo se revela ineficaz, já que se baseia no fingimento do que se afirma. Deve-se ler o Vampiro, pois, com os sinais trocados.
(Oswaldo Martins)