ROMÂNTICOS DE CUBA
Cesar Cardoso
Esses três poemas surgem de um bate-papo com dois outros, do romantismo brasileiro. “meus oito ½” conversa com o lirismo de “Meus Oito Anos”, de Casimiro de Abreu. Recortando o vocabulário do poema original, tenta uma montagem cinematográfica, felliniana, dando um viés erotizado às lembranças da infância. “i-juca-pirado” é um olhar oswaldiano, um poema-minuto-piada sobre o épico I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias. E ainda sobre esse mesmo texto, “canto x” acrescenta mais um canto e uma nova voz narrativa – feminina – à narração masculina e guerreira de Dias.
meus oito ½
o hino ingênuo
o manto azulado
a sombra debaixo
o perfume dos pés
colher tirar
que braços que sonhos
beiras ligeiras
carícias bordadas
respira correndo
atrás azuis
doces delícias
descalços nus
ave marias!
não trazem mais
i juca pirado
euforia do padre
no banheiro da escola
- meninos eu vi!
canto x
há menos verdores
na noite em que imploro
:meninos, perdi
o que faz um bravo? difere de escravo?
a morte é que os une?
pra que tanto, meu pranto?
também sou coragem
te perco meu filho e zelo por ti
história e memória
na luta no luto
meu canto de vida
eu que não sou brava
à noite me lava
:meninos, perdi!
Cesar Cardoso
Esses três poemas surgem de um bate-papo com dois outros, do romantismo brasileiro. “meus oito ½” conversa com o lirismo de “Meus Oito Anos”, de Casimiro de Abreu. Recortando o vocabulário do poema original, tenta uma montagem cinematográfica, felliniana, dando um viés erotizado às lembranças da infância. “i-juca-pirado” é um olhar oswaldiano, um poema-minuto-piada sobre o épico I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias. E ainda sobre esse mesmo texto, “canto x” acrescenta mais um canto e uma nova voz narrativa – feminina – à narração masculina e guerreira de Dias.
meus oito ½
o hino ingênuo
o manto azulado
a sombra debaixo
o perfume dos pés
colher tirar
que braços que sonhos
beiras ligeiras
carícias bordadas
respira correndo
atrás azuis
doces delícias
descalços nus
ave marias!
não trazem mais
i juca pirado
euforia do padre
no banheiro da escola
- meninos eu vi!
canto x
há menos verdores
na noite em que imploro
:meninos, perdi
o que faz um bravo? difere de escravo?
a morte é que os une?
pra que tanto, meu pranto?
também sou coragem
te perco meu filho e zelo por ti
história e memória
na luta no luto
meu canto de vida
eu que não sou brava
à noite me lava
:meninos, perdi!
Seu humor é sereno e acalma a alma.
ResponderExcluirParabéns Grande Cesar.
Abraço
Pedro Bittencourt