sexta-feira, 19 de junho de 2020

O casal poema de Tomas Transtömer

Apagam a luz, o globo branco treme
um instante antes de se desvanecer
como um comprimido num copo de escuridão. Às escuras,
as pardes do hotel elevam-se, atingem o negrume celeste.

Os movimentos do amor esmorecem, eles dormem,
mas os pensamentos mais íntimos encontram-se
como duas cores que esbarram e se misturam
no papel umedecido da pintura de um garoto na idade escolar.

Ainda não é dia claro e há silêncio. Porém, a cidade acercou-se.
Com janelas apagadas, as casas estão ali.
Juntas umas às outras, à espera, muito perto,
uma multidão com rostos sem expressão.

(Tomas Transtörmer - Tradução Alexandre Pastor)

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