quarta-feira, 3 de maio de 2017

uma breve explicação do poema

Lúcia,

O desimitação histórica pra boi dormir faz parte do novo livro que estou escrevendo, que vai se chamar desimitações. Portanto faz parte de um projeto mais amplo. O livro se projeta como um movimento de releitura poética da tradição literária não só nacional. A seleção de poetas/poemas se estende desde Gregório a Carlito. De uns, gosto; de outros, nem um pouco. Esse é da série que é em parte homenagem em parte crítica malévola.

Tento com este poema traçar um perfil de poetas de que gosto seja pela escolha temática seja pelas opções formais. O p é poesia, portanto, p 1 poesia 1; p 2 poesia 2, p 3 poesia 3 e assim por diante.

Em p 1 as referências são os poetas de 22 ou que movem a sua tradição (bandeira explícito, nélson cavaquinho (ver a indiferenciação entre o compositor e o poeta). cabral (tecendo a manhã) e gullar (entre o ser e não ser da poesia) as referências se ligam ao não jorrar das emoções, que se ligam controversamente à matéria bruta. Deixo o bem amado oswald para as piadas, que se abrem no movimento dois para descontruir o algo meio contraverso do p 1.

Em p 2 a mirada foi a descontrução de oswald. A piada do carro e sua ligação com são paulo-dória o apagador dos traços memorialísticos das vanguardas paulistas (grafite e pichação), que fazem link com o nelson cavaquinho do poema 1. A piada como valor crítico.

Em p 3 murilo e drummond são os poetas citados (bandeira passa de leve no decúbito dorsal do tragédia brasileira) murilo na idade do serrote fala de uma paixão por uma mar de espanhola que transforma na prostituta drummondiana nos versos seguintes (o link com bandeira entra aqui) e desvia para a modernidade das luas e conhaques que botam a gente comovido como o diabo, invertendo o sentido de que são os conhaques que se comovem. Matéria bruta e o não jorrar de emoções.

Em p 4 a crítica malévola com os do mimeógrafo e sua curadora heloisa. Crítica que é pertinente se dela salvamos o paradoxo inicial não jorrar/matéria bruta, porque, após a venda dos carros bebedores, cai-se no extremo oposto da má poesia praticada pelos yuppies dos anos 90/2000, que é tema do último poema e a quem sinceramente penso em mandar à puta que os pariu.

Não sei se o leitor vai penetrar em todas as referências, mas a construção malévola pode dar o tom de que necessito no grupo de poemas do desimitação e por si só criar a impressão de que há alguma coisa da poética da resistência ao midiático, lugar específico no qual o poético deve se dar.


(oswaldo martins)

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