quarta-feira, 3 de maio de 2017

desimitação histórica pra boi dormir

para o andré capilé

p 1

do rudimentar trabalho
noitadas no belvedere da matéria bruta
uma pinga pernada a vagar
como bandeira do verso exato
simples como um cavaquinho tecendo
as manhãs onde explode um galo
ou o gato que não há onde havia
um não jorrar de emoções
controversas

p 2

se juntar um s ao p antes do 2
não seria um carro
esquecido na memória
da cidade escarnecida
pelo cruento e sem traços
apagar de sua história

p 3

te guiaram para fora da cidade
dançavam
as bailarinas mar-de-espanholas
dubitavam em decúbito dorsal
mancavam as coxas
e as marcas da varicela
comoviam até os conhaques
mais vagabundos

p 4

o poema como piada
uma piada que nos bastou
para encher o tanque
em 1970 e tal
quando a gasolina
se racionou
e os papais venderam
marvericks e landaus

p 5

depois mandaram a puta que o pariu
a piada e se tornaram poetas
do neoparnaso brasileiro


(oswaldo martins)

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