O Caga-teses pontifica
como um papa. Desde a existência de Deus até as novíssimas invenções humanas, o
Caga-teses tem sempre uma opinião balizada pela fina observação do mundo ou
pelos anos de estudos . Não tem idade definida, pode tanto ser um caga velho
quanto um caga novo, dizem mesmo que seu rosto é desconhecido, nunca podendo
ser reconhecido pelas feições, posto que muda sempre de característica, ficando
como única possibilidade de reconhecê-lo a certeza com que diz suas verdades. Encontra-se
com ele nas redes televisivas, nas rádios, nos jornais, em qualquer meio de
divulgação midiática; também nas universidades e nas conversas informais ou
mesmo nos tribunais da justiça e nas igrejas de qualquer religião e nas academias
de letras brasileira, estadual ou municipal.
Embora muito
ocupado, o Caga- teses sempre tem um tempinho que utiliza para fazer com que
seu interlocutor fique a par das últimas novidades da ciência, da literatura,
do modo de plantar tomate ou de colher frutas, das verdades, escondidas da
patuleia, que desvenda com amplo e rigoroso raciocínio sobre, por exemplo, a
forma que tomam as nuvens quando sobre elas intervém a aragem que sopra a
partir do Polo Norte ou dos Andes ou da Patagônia.
Sua mais intensa
arma é a retórica. E que retórica, meus queridos! Cícero e Barbozinha são nada
frente à capacidade de convencimento do Caga-teses, que usa uma linguagem tão
perfeita que parece mesmo que está usando outro idioma. Melódica e
transparente parece-se à música que toca nas rádios, mas dela difere pelo alto
grau de informação sobre os fenômenos naturais, humanos e sobre-humanos que
acometem o nosso sistema solar.
O quadro
político se delineia com tal precisão que não temos mais que prestar atenção a
ele, já que o Caga tem na ponta da língua – da sua língua, divina e maravilhosa
– todas as soluções, todas as variações possíveis para explicar, por exemplo, a
razão pela qual Jânio Quadros renunciou ou qual velocidade atingiu a carreta
que matou o JK no momento da colisão. O Caga-teses é intimo de todos os que
vivem ou já viveram um dia. Andou de Romiseta, varreu a corrupção com a vassourinha
e ultimamente vocifera naquele seu estilo tonitruante contra as conquistas
populares.
(oswaldo
martins)