quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Estudo 1 para o Capoeira de Besouro


O episódio fundador da identidade nacional, secundado pelo livro magistral de Euclides da Cunha, foi o de canudos. Ali, apesar pelo massacre e extermínio do grupamento humano que se reunia em torno do conselheiro, percebe-se uma unidade que determina o existir e a resistência possível na Republica das elites que se firmava no europeísmo distante e cruel, especializada na praticada escravidão e de todo tipo de repressão econômica.

A guerra de Canudos foi desenvolvida a partir de técnicas bastantes distintas; se os republicanos utilizavam armamentos pesados e modernos, a técnica dos conselheiristas era feita de esquivas – “de mão no chão, e pernas no vento – tesoura, banda, rapa, soco, tapa e sola” [i]  Em Canudos aprendeu-se o continuísmo da republica recém inaugurada e da velha monarquia, mas, ao mesmo tempo, reavivou-se a luta dos quilombolas, aluta dos ideias democráticos e igualitários. A urbe do conselheiro se baseava neste princípio.

Os anos de 1896/1897 viram a derrocada da pretensa força motriz da nação e o surgimento de outras derivas para a reafirmação dos valores étnicos e culturais dos que não podiam, não puderam e ainda não podem participar da construção das vozes que demarcam e formulam – no revés do vento – uma ficção possível para a identidade múltipla dos Brasis.

Entre 1895 e 1897 nasceu Manoel Henrique Pereira, o Besouro, que continuou nascendo como afonso Henriques, Luiz Carlos, Graciliano, Carlos Marighela, Abdias e Paulo Cesar Pinheiro, para tocar fogo nos paióis da pátria.

Ouçam, filhos de canudos, o toque de cavalaria.

(Oswaldo Martins)






[i] - Extraído do CD Capoeira de besouro, de Paulo Cesar Pinheiro. Toque de Cavalaria.

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