quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ozias Filho

É com imenso prazer que as Edições Pasárgada vem por este meio o
convida para o lançamento do livro O relógio avariado de Deus, no
próximo dia 29 de Junho, quarta-feira, às 21 horas, na Casa da América
Latina, em Lisboa. A obra será apresentada pela escritora Cristina
Maria da Costa.

Ozias Filho, nasceu em 6 de Julho de 1962, no Rio de Janeiro, é formado em Jornalismo pela Faculdade Hélio Alonso; em Fotografia pela Pontifícia Universidade Católica, ambas naquela cidade; é pós-graduado em Edição, pela Universidade Católica Portuguesa. Trabalhou no Jornal O Primeiro de Janeiro (Porto). Lançou em 2001 pela Editora Alma Azul o livro Poemas do Dilúvio. Idealizou e protagonizou na Casa da América Latina ao longo da última década vários projectos, entre eles: Uma Hora Com os Poetas, Noites em Pasárgada e Neruda com Amor. Desde de 1999 é o responsável da Editora Vozes em Portugal. Em 2005 lançou pela Edições Pasárgada o livro Páginas Despidas. Em 2006 participou na colectânea de contos Con-to-Con-ti-go, Livrododia Editores e em 2008 publicou pela mesma editora o livro de fotografias Santa Cruz com poemas de Luís Filipe Cristóvão. Tem participado em vários projectos ligados à fotografia, produzindo para capas de livros e revistas especializadas (arquitectura e artes). Em 2010 foi um dos escritores da antologia de contos Só agora vejo crescer em mim as mãos de meu pai; das Edições Pasárgada, da qual é o fundador e editor.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Convite Terras Proibidas

Enrique Vila-Matas, em seu livro de contos, Suicídios Exemplares, espicaça o leitor, com algumas histórias saborosas. Parece-me que o autor, ao tomar o suicídio como tema e não como desfecho dos enredos, quer determinar a linha divisória entre o poder acreditar na vida ainda ou na morte e a impossibilidade de que haja algum sentido em se estar vivo ou morto. Nesta linha divisória, os homens ainda não se matam.

(oswaldo martins)



Página em branco



uma página em branco
em tudo difere de uma folha branca de papel
virgem
em que nada ainda foi impresso

a página em branco
é uma folha branca em recusa
e em procura de palavras

a folha branca de papel
virgem
em que nada foi impresso
não é uma página
é só uma folha branca de papel
virgem

uma página em branco
ao contrário
é uma folha de papel branco também
mas prenhe de palavras

elesbão
(18/06/11)

sábado, 18 de junho de 2011

anjo louro

quês quê diz quê

quem ou qual
desaire

airada borboleta azul
do cabaré

anquê do inquê
quê desdiz quês

tu dês de dizer

Praça XV

Carlos Careqa

Representante da tradição vanguardista (contradição de termos à parte) paulistana (de Arrigo e Itamar entre outros), Carlos Careqa apresenta aqui um disco que possui duas qualidades que, embora devessem, nem sempre andam de mãos dadas: por um lado é um trabalho denso por seus poemas, pelos acompanhamentos muitas vezes atonais de um time de grandes pianistas, pela proximidade da voz posta em primeiro plano, ou pela simples presença da parceria Eisler / Brecht -aparentemente uma das matrizes estético-ideológicas de Carlos. Por outro, é um disco de audição tremendamente prazerosa. Quem sabe pela variedade de estilos musicais exercitados sob uma tela enganosamente monocromática. Quem sabe pela excelente qualidade de gravação. Ou simplesmente porque as qualidades inicialmente enumeradas têm aqui resgatada sua verdadeira função: a fruição estética em permanente renovação. (Ronald Iskin)

Mario Donato na Arlequim

sábado, 11 de junho de 2011

10 de julho, dia de Camões

Enviou-me o poema abaixo o Jorge Fernandes da Silveira.

Camões e a tença

Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.

E aqueles que invoscaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.

Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.

Este país te mata lentamente.

(Sophia de Mello Breyner Andersen)

Dois poemas de Augusto Ferreira Ramos,

As impurezas do Kant


Ele é o macho do pensamento
Respeitador do rei, da igreja, da ciência exata
e contra o imperialismo

Talvez gostasse de sexo, talvez gostasse muito
mas a história não sabe de nada disso

O que se diz é que escreveu grandes livros
solenes masturbações
Por onde caiu o esperma, germinaram colossos
sistemas monumentais que organizavam a história, dos primitivos até os europeus



Liberdade poética


Ana pulou da janela
Foi coragem?
Foi medo?
Foi distúrbio bioquímico?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Prolegômenos para mim mesmo

Eugênio ensinou-me que a arte renascentista é – como ele dizia – uma verdadeira putaria. Fruia a voz um pouco roufenha, o sotaque misturado do austro-portenho-brasileiro., com prazer. Pediu-me um papel desenhou e desenhou. Depois desfez os desenhos. Não é que era! Parte por parte. Eugênio, mestre como poucos.

Sempre ouvi dizer pelo meu pai que um dos locais em que trabalhara no início da vida de médico, perto de Congonhas do Campo, era – segundo um colega seu de quem me esqueci o nome – uma putaria franciscana. Só vim a descobrir porque franciscana muito mais tarde. Os fradezinhos não eram fáceis.

De uma feita, levei Eugênio a Barbacena, para visitar a casa paterna e as cidades históricas de Minas. O Cristo caralhudo com que presenteou meu pai remata as duas historietas e informa – en passant – que, em arte ou na vida, nada do que nos parece ser na verdade é.

(Oswaldo Martins)