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segunda-feira, 18 de março de 2013

Made in China




O Macintosh tem sangue chinês
O meu casaco um peruano fez
E a bicicleta ergométrica
Foi um cigano japonês
A cobertura do bolo holandês
Não está mais ao gosto do freguês
Minha vizinha senegalinha
Comeu mais um frango xadrez.

Tudo é Made in China
Tudo é medicina e não vai melhorar
Tudo é uma estranheza
Lá em Fortaleza já tem Bagdá
Tudo parece perfeito
Mas o meu prefeito
Não quer trabalhar
Este relógio de marca
Parece não marca
As horas que ele finge marcar.

Não tenho sangue nas veias
E aquela baleia não quero salvar
Já fiz a minha promessa
Não vejo mais peça
Onde não possa atuar
Eu sou um cara nervoso
Não como mais ovo
Que eu não veja botar
Fiquei um pouco assustado
O pessoal de Kosovo
Já pode votar.

(Carlos Careqa)

sábado, 18 de junho de 2011

Carlos Careqa

Representante da tradição vanguardista (contradição de termos à parte) paulistana (de Arrigo e Itamar entre outros), Carlos Careqa apresenta aqui um disco que possui duas qualidades que, embora devessem, nem sempre andam de mãos dadas: por um lado é um trabalho denso por seus poemas, pelos acompanhamentos muitas vezes atonais de um time de grandes pianistas, pela proximidade da voz posta em primeiro plano, ou pela simples presença da parceria Eisler / Brecht -aparentemente uma das matrizes estético-ideológicas de Carlos. Por outro, é um disco de audição tremendamente prazerosa. Quem sabe pela variedade de estilos musicais exercitados sob uma tela enganosamente monocromática. Quem sabe pela excelente qualidade de gravação. Ou simplesmente porque as qualidades inicialmente enumeradas têm aqui resgatada sua verdadeira função: a fruição estética em permanente renovação. (Ronald Iskin)