sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Alvares de Azevedo e sua imitação

Se Eu Morresse Amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

(Alvares de Azevedo)


desimitação de alvarez de azevedo


s’eu morresse amahã muitas amantes viriam
carpir meu corpo, chorar pela endurecida
pica. a bela alícia na fronte ressequida
do defunto a mão deixaria pendente e fria

os comichões que outrora aqui e ali sentira
haveriam de levar a impudente lia
a tocar displicente, como se aos antúrios
arrumasse, o mastro para sempre inútil

e decadente. de saudade morreria hipácia,
a grande puta, a vadia louca, talvez
flertasse com quem ao morto teso viesse

visitar, diria, então, que sol! que céu azul!
com desvario, uma cristina se achegaria
para que o defunto antes da ripa se risse


(oswaldo martins)

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