ode 1
descantar os sucessos do dia
as hordas
de orifícios compõem do tempo
a sua ficção
casebres e palácios surgem do
nada
para onde seguem sem suspiro
ou vozes
as cataratas cegam ao sabor do
léxico
os desguardados dele – tudo – o
silêncio
de vias findas
as potências alardeiam de há
muito
o silêncio-torpeza afetivo do
acúmulo
ao dará deus
as fugas inexistem ao pé de um
toque
o mundo cessa as casas caem
o outro já morto
os versos decantam seus
licores
o abismo mostra onde ressurge
sobre a garupa
uma biruta de desnortes
assente
na embriaguez vela o
tartamudeio
das sintaxes cruas
ode 2
o látex serve bem à sua dona
impõe-se justo à maré baixa
da boca coleante das línguas
náufragos
dele tanto necessitam
quanto
afagos crus sugerem
o
irem-se descamados ao rés
do
submundo para ouvirem
da
sarça ardente o reproche
e
se ajoelharem cães aos pés
divinos
– corcel condutor da chã
obediência
em seu elástico
movimento
entre o imundo
e
o prazer
ode 3
os pés sobre a terra
acorde após acorde adiam
a fenda lenta ao subir
mostram através dos passos
pernas a andarem o corpo
sopram surpresas às ruas
com suas sarnas – fulgor
a relampear – essa visão
tirana do instante – depois
as sombras caem nos ventos
do silêncio retorto avançam
até o limite da ave sem voo
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