às seis horas o kyrie eleison
conforme o pó subia
a princípio frágil; fragorosos
caminhavam na caatinga
– pés e rostos duros –
assomavam com pedras
a carpir rezas
com as mãos
(oswaldo martins)
Oswaldo Martins. Poeta e professor de literatura. Autor dos livros desestudos, minimalhas do alheio, lucidez do oco, cosmologia do impreciso, língua nua com Elvira Vigna, lapa, manto, paixão e Antiodes, com Alexandre Faria. Editor da TextoTerritório
às seis horas o kyrie eleison
conforme o pó subia
a princípio frágil; fragorosos
caminhavam na caatinga
– pés e rostos duros –
assomavam com pedras
a carpir rezas
com as mãos
(oswaldo martins)
para marcello barcinski
a cabeça girava sobre o
coturno
acusação de esfolha terra
ritmo e rictos em frenesi
dos zigomas manchas
gotejavam formas perpétuas
na consciência de seus algozes
os lábios que calados ainda
voz
se ouvia pelo século vindouro
intimavam a moto-perpétuo
a vergonha a mesquinhez o
logro
desta des republicana
civilização –
estupidez estampada nos selos
com que cerram olhos zigomas
lábios
dos corpos-corpo em praça
pública
nos recônditos porões das tiranias
oswaldo martins
para martha e arturo rueda
em comala vieram os gigantes
de terra e morte
ide cobrar o nosso
vozes e silêncios súbitos
aludiam sob os pés das mulas
sobre a cova balas de
cantaria
incrustaram-se no alto da
torre
cujo fantasma descarnado a sânie
dos povos anunciara
na predicação da
língua-espelho
do pó ao pó