terça-feira, 6 de março de 2018

largo do machado


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largo do machado

vozes altercavam sustos comezinhos. a casa do noca, o papagaio acordado antes da hora, passos. um zumbido constante como que rompia o freio dos ônibus. e o velho, os velhos.

vozes disputavam bugigangas a um real. limpo de manhã e vento, o moço louro. mexericos subiam e desciam como um pregão a anunciar o início dos dias. truco de caras ríspidas.

vozes iludiam o silêncio monocórdias. qual lúcida trombeta, raspavam pratos, dedilhavam cordas. por um segundo, a praça estancada. o som daquela gaita que um velho explodia com sua barba de dez centavos.


(oswaldo martins)

Um comentário:

  1. Parece alguém que mora no número 9, que escuta tudo que ocorre na feira de sábado.

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