quinta-feira, 24 de março de 2016

Sobre uma foto de Gisele

os olhos no bagaço
entre os dedos cigarro
os peitos recobrem
as mãos o tato
de seu felling

felina do absoluto
a pose se esquece
e cria algo de puta
alguém de carne e osso

(oswaldo martins)

sexta-feira, 11 de março de 2016

a sensação da beleza

aplicar beijos às boca fétidas de cachaça
pois a podridão das ruas o hálito sórdido
das mulheres mais putas viçam versos
tão ou mais decaídos

q

a versão vinícius dos amores esplendorosos

q

a versão boceta-deus de zé celso martinez

q

a olhota de baitaille


(oswaldo martins)

futuro do pretérito

1

quando sobe a ladeira
os pequenos são apenas torneios do fim

os objetos que traz nos bolsos da calça
fincam rasgos de decência e rua

a nudez fundamental abre-se ao sol
e um samba qualquer perdido

compõe a cena do operário
voltando a casa de seus filhos

2

se desavém  o caminho o caminho
se faz nas bochechas do crime

preste a esconder-se
da sanha dos camisas verdes

e tal um conselheiro o caminho
com o dia e a hora no bolso

depois  de percorrer laico as ruas da capital
com o exército de descamisados

plantará a festa
de frango e farofa


(oswaldo martins)

sexta-feira, 4 de março de 2016

[AO VIVO] - Entrevista com ex-presidente Lula

História

Como fizeram com Antônio Conselheiro, a perseguição de Luiz Inácio Lula da Silva é uma tentativa de extermínio tão cruel quanto a que foram vítimas os conselheristas. A frase, emblemática, pressupõe as desditas das pessoas espoliadas até o osso por uma elite preconceituosa e exclusivista, feita de dondocas e senhores de engenho.

A coerção que vitima o Ex-presidente não busca atingir o sr  Luiz Ignácio, mas, ao buscar atingi-lo, em Lula da Silva, atinge todos os Silvas do país. Todos que são os que não coadunamos com as diferenças sócias, que não coadunamos com a miséria, que não coadunamos com e exceção política, que não coadunamos com os srs e sras de Luís Vitton.

A história política da malfadada república brasileira é a história da exclusão e do silêncio obsequiosos do sim senhor, sim senhora – dos que espancam suas mulheres, dos que se acham príncipes e reis empelicados em seus casacos de chinchila.

Entretanto, o país tem a oportunidade de resistir e, de fato, mudar. Se Lula não se matou, como Getúlio o fez; se não buscou o exílio, como João Goulart, talvez para evitarem o fantasma de uma guerra civil, é porque há condições de se enterrar o país exclusivista em que fomos criados e ver surgir um país justo e realmente democrático.

A hora é de confrontar ideias – depois, não só as ideias.


(oswaldo martins)