Oswaldo Martins. Poeta e professor de literatura. Autor dos livros desestudos, minimalhas do alheio, lucidez do oco, cosmologia do impreciso, língua nua com Elvira Vigna, lapa, manto, paixão e Antiodes, com Alexandre Faria. Editor da TextoTerritório
quinta-feira, 24 de março de 2016
sexta-feira, 11 de março de 2016
a sensação da beleza
aplicar beijos às boca fétidas de cachaça
pois a podridão das ruas o hálito sórdido
das mulheres mais putas viçam versos
tão ou mais decaídos
q
a versão vinícius dos amores esplendorosos
q
a versão boceta-deus de zé celso martinez
q
a olhota de baitaille
(oswaldo martins)
futuro do pretérito
1
quando sobe a ladeira
os pequenos são apenas torneios do
fim
os objetos que traz nos bolsos da
calça
fincam rasgos de decência e rua
a nudez fundamental abre-se ao sol
e um samba qualquer perdido
compõe a cena do operário
voltando a casa de seus filhos
2
se desavém o caminho
o caminho
se faz nas bochechas do crime
preste a esconder-se
da sanha dos camisas verdes
e tal um conselheiro o caminho
com o dia e a hora no bolso
depois de percorrer laico as ruas da capital
com o exército de descamisados
plantará a festa
de frango e farofa
(oswaldo martins)
sexta-feira, 4 de março de 2016
História
Como fizeram com Antônio
Conselheiro, a perseguição de Luiz Inácio Lula da Silva é uma tentativa de
extermínio tão cruel quanto a que foram vítimas os conselheristas. A frase,
emblemática, pressupõe as desditas das pessoas espoliadas até o osso por uma
elite preconceituosa e exclusivista, feita de dondocas e senhores de engenho.
A coerção que vitima o Ex-presidente
não busca atingir o sr Luiz Ignácio, mas,
ao buscar atingi-lo, em Lula da Silva, atinge todos os Silvas do país. Todos
que são os que não coadunamos com as diferenças sócias, que não coadunamos com
a miséria, que não coadunamos com e exceção política, que não coadunamos com os
srs e sras de Luís Vitton.
A história política da malfadada
república brasileira é a história da exclusão e do silêncio obsequiosos do sim
senhor, sim senhora – dos que espancam suas mulheres, dos que se acham
príncipes e reis empelicados em seus casacos de chinchila.
Entretanto, o país tem a
oportunidade de resistir e, de fato, mudar. Se Lula não se matou, como Getúlio
o fez; se não buscou o exílio, como João Goulart, talvez para evitarem o
fantasma de uma guerra civil, é porque há condições de se enterrar o país
exclusivista em que fomos criados e ver surgir um país justo e realmente
democrático.
A hora é de confrontar ideias –
depois, não só as ideias.
(oswaldo martins)
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