Submissão, o
livro de Michel Houllebecq, é um romance de um cinismo triste. Ao construir um
narrador em primeira pessoa, professor universitário, se permite analisar os
rumos a que chegaria a sociedade ocidental, europeia e francesa, em particular,
caso houvesse uma islamização deste mundo. A questão central não se coloca,
entretanto, numa simples rejeição de um padrão religioso, mas, sobretudo na
capacidade de adaptação do homem aos meios sociais a que são “obrigados” a
aderir.
A adesão se
torna tão ignóbil quanto cínica. Às minissaias e ao amor livre, pretenso e
ainda nos seus restolhos, substituem-se os véus, as saias compridas e a
poligamia masculina. Substituem as roupas que permitem ver as coxas, delinear
as bundas, altear os seios, por um mercado de roupas íntimas fadado a vestir as
esposas do neoconvertidos ao islã.
A reflexão de
Houllebecq expõe ainda a incapacidade de produção dos meios universitários,
voltados para questões que desligam o chamado intelectual, do mundo real, social
ou político. Tanto se pode verificar este afastamento quanto maior é o nível de
adesão e de submissão aos valores que, a partir de uma frente ampla encabeçada
pelo partido da Fraternidade Mulçumana e acompanhada pelos partidos
tradicionais do mundo político francês, par derrotar a iminente vitória de Lê
Pen, se tornam moeda de troca.
Destruidor, o
romance é obrigatório para os que se sentem perdidos ante a vertiginosa mudança
que o mundo contemporâneo tem sofrido.
(oswaldo
martins)
Ele vende muito aqui. Manuela, minha filha, pegou uns dois livros dele na biblioteca pública mais próxima. Nem lhe perguntei o que achou, porque nunca me interessou muito, segundo as resenhas que li.
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