1
Ilha no Milharal, o belo filme de George Ovashvili, é uma das maiores obras que assisti nos últimos anos. A narrativa concisa, o silêncio, que só é quebrado quando se torna absolutamente necessário, o aproximam do conceito do poético; as interpretações seguras constroem o lirismo impecável do filme; a pouca ação, a noção ética do trabalho, que traduz um mundo que vai a morrer, colocam-no num ponto extremo da arte cinematográfica.
2
Táxi Teerã, do cineasta iraquiano
Jafar Panahi, de quem assisti estupefato o belíssimo “isto não é um filme”, é
uma divertida e sábia viagem a Teerã, esta terra que fica entre a mística
desconhecida do mundo mais moderno entre os mundos árabes e a mítica ocidental
de um lugar de ferocidades inexplicáveis. Ao rodar pela cidade dentro do táxi
de Jafar, percebem-se os cheiros, as dicções das conversas e a dificuldade de
se viver em uma sociedade fechada, sujeita aos diversos tipos humanos. A
capacidade do diretor de fazer rir e meditar profundamente sobre o motivo – nem
sempre edificante – do riso é uma das qualidades fortes do filme. Quem for
assistir ao filme observe o vendedor de filmes proibidos, tipo impagável de
todos os lugares do mundo.
(oswaldo martins)
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