segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Duas indicações em forma de pilulinha cinematográfica

1

Ilha no Milharal, o belo filme de George Ovashvili, é uma das maiores obras que assisti nos últimos anos. A narrativa concisa, o silêncio, que só é quebrado quando se torna absolutamente necessário, o aproximam do conceito do poético; as interpretações seguras constroem o lirismo impecável do filme; a pouca ação, a noção ética do trabalho, que traduz um mundo que vai a morrer, colocam-no num ponto extremo da arte cinematográfica.

2

Táxi Teerã, do cineasta iraquiano Jafar Panahi, de quem assisti estupefato o belíssimo “isto não é um filme”, é uma divertida e sábia viagem a Teerã, esta terra que fica entre a mística desconhecida do mundo mais moderno entre os mundos árabes e a mítica ocidental de um lugar de ferocidades inexplicáveis. Ao rodar pela cidade dentro do táxi de Jafar, percebem-se os cheiros, as dicções das conversas e a dificuldade de se viver em uma sociedade fechada, sujeita aos diversos tipos humanos. A capacidade do diretor de fazer rir e meditar profundamente sobre o motivo – nem sempre edificante – do riso é uma das qualidades fortes do filme. Quem for assistir ao filme observe o vendedor de filmes proibidos, tipo impagável de todos os lugares do mundo.


(oswaldo martins)

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