quinta-feira, 28 de novembro de 2013

os seios

debruçam-se no frescor
um nada o verão de basalto

a manga da blusa segue
a paisagem das ruas sopra

de sua canícula
um ponto solto

liberto
como uma tarde de maio


(oswaldo martins)

Os pés

dançavam
soltos, libertos
próprios
levemente próprios
foi da harmonia com o chão
que fez cada parte ter liberdade de si
ou eu que consegui voar
ao ponto de vê-los acima
dançando.
(fragmentos de uma onda de doce)


(Júlia Fernandez)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

canção brechtiana 2

a minha amiga devolveu-me a flor que lhe dei do meu jardim
a minha amiga disse não gostar mais de mim
de que me vale estar sentado ao sol

só a mão da minha amiga me aquecia

elesbão ribeiro

31/10 e 23/11/13

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

diálogo de incrédulos

creio em jesus que multiplicou as sardinhas
creio em jesus que multiplicou os croissants

reza  direito tomé

ó pedro não sabia que me ouvias
vou rezar do teu jeito

creio em jesus que multiplicou os peixes
creio em jesus que multiplicou os pães
não creio por três vezes que  jesus 
tenha multiplicado a própria mãe


elesbão ribeiro

19/11/13

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

quadros

1
marcier

as nuvens caem sobre mim
têm o peso específico das coisas

sem elas
os espaços seriam outros

outro o eu que recebe na cara
o que essas nuvens guardam

2
marcier

há um cristo
em minha casa

esquálido com sua longa cruz
me ensinou

a descrer
dos alicerces da própria cruz

3
chagall

gosto de fantasmas
apenas às quintas-feiras

nos outros dias
a neblina

o corpo nu
prenúncio do universo

reservo
para enfrentar a via láctea

4
jorge tobias

na estação do trem
noel rosa compra passagens

há mulheres nuas
nas revistas das bancas de jornais

a cidade se aglomera
apupa o trem

e na pensão da mariinha
a jovem escarra sangue

e saudade



(oswaldo martins)

Novos escritos 1

1

nada passa nem o tempo nem o dia
não nada aqui
me ajuda a avançar
naquela rua que não passa carro é o céu que andei andei com as mãos juntas
em frente a essa mesa e de lado pra essa janela nem tenho mesmo por onde chegar no tal poste iluminado 

meu sonho sempre é com cobras e lagartos

(Letícia Tandeta)

Dois poemas de Dora Ribeiro

um vento enorme
cobre as linhas da cidade
para repetir um único refrão
no rose is sure
no rose is sure

poema e cidade mudam de cor
perante a insistência
das palavras
dos seus modos de olhar
o mundo

a cidade mais que o
poema sofre em silêncio
a imprecisão da flor

(Dora Ribeiro - olhos empírico - Babel)

*

espera por mim na boca
da tua palavra
a nudez aberta

flor adjacente
das tuas histórias

que colapsou inteira
nos meus braços

(Dora Ribeiro - a teoria do jardim- Cia das Letras)

Lupicínica

Amei
uma enfermeira do Salgado Filho,
paixão passageira, sem charme nem brilho,
roteiro batido, romance na tarde.
E aí, numa seresta na Dois de Dezembro,
me perguntaram por ela: "-Nem lembro...",
eu respondi com um sorriso covarde.
Ouvi - que bofetada! - "Morreu duas vezes.
Uma aqui e agora, a outra há seis meses".
Balbuciei: "-Morrida ou matada?"
"-Depende do seu conceito de assassinato.
Um pobre amor não é amor barato.
Quem fala de tudo não sabe de nada."
Na rua do Tijolo, bloco 5, aquele de esquina,
morou uma enfermeira com a chama vital de Ana Karenina.
Dirá um dodói que Tolstói era chuva demais pra tão pouca planta.
Ô trouxa, heroínas sem par podem brotar na Rússia ou lá em Água Santa...
Aquela mulher que dosava o soro nas veias dos agonizantes
não teve sequer um calmante pra dor sem remédio que aflige os amantes.
Por mais que a literatura celebre figuras em vã fantasia
ninguém foi mais nobre que a Pobre da Enfermaria.

(Aldir Blanc)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Entrevista de Luiz Costa Lima a O Globo

O crítico literário Luiz Costa Lima revisita cinco décadas de uma carreira dedicada a investigar a natureza da ficção e traça um panorama do meio intelectual brasileiro dos anos 1960 até hoje no livro “Frestas: a teorização em um país periférico”


Por Guilherme Freitas

Quando um dos filhos de Luiz Costa Lima tinha 6 anos, fez uma daquelas perguntas desconcertantes típicas da infância: “Pai, o que é ficção?” Mais tarde, enquanto fazia o desenho de um céu, concluiu por conta própria que ficção “é um sol que não dói no olho”. Costa Lima relembra essa história com gosto durante uma entrevista em casa, na Gávea, sobre seu novo livro, no qual repassa cinco décadas de uma carreira dedicada a investigar a natureza da literatura.
Em “Frestas: a teorização em um país periférico” (Contraponto), o crítico e professor emérito da PUC-Rio, de 76 anos, aponta territórios ainda por explorar em sua obra e revisita conceitos desenvolvidos em livros como “Mímesis: desafio ao pensamento” (Record), “O controle do imaginário e a afirmação do romance” e “A ficção e o poema” (Companhia das Letras), este premiado há poucos dias com o Jabuti de Teoria e Crítica Literária.
Além disso, o livro traz textos mais pessoais que traçam um panorama do meio intelectual brasileiro dos anos 1960 até hoje. Neles, Costa Lima narra sua expulsão da Universidade do Recife em 1964, por colaborar com o programa de alfabetização do educador Paulo Freire, visto como ameaça pelo regime militar. E reflete sobre os desafios da atividade intelectual à margem dos grandes centros e em tempos de “círculo vicioso de banalização” na universidade, no mercado editorial e na imprensa.
“Frestas” será lançado dia 25, na Travessa de Ipanema, junto com uma nova edição do primeiro livro de ficção do crítico, “Me chamo Lully” (7Letras), narrado do ponto de vista de sua cachorrinha de estimação.

Você abre o novo livro com uma epígrafe de Guimarães Rosa: “Narrar é resistir”. Como interpreta essa frase?

Para mim essa frase significa, em primeiro lugar, o que acrescento na mesma página: narrar é resistir “contra a decadência física e mental, a atração (como negá-la?) pelo efêmero”. O segundo significado, menos existencial e mais pessoal, é a resistência contra as frustrações de ser professor e escritor nos trópicos. Se você teoriza e escreve não apenas nos trópicos mas em língua portuguesa, sabe que seu raio de alcance é pequeno, sequer comparável ao de nossos vizinhos hispano-americanos, por exemplo. E há também a resistência a uma frustração política. Minha geração acreditava que a única coisa que faltava para o Brasil mudar por completo era o fim da ditadura. Linda ingenuidade. Então narrar é um gesto essencialmente positivo de resistência intelectual contra eventuais frustrações existenciais, pessoais e políticas.

Além das narrativas, a crítica literária também pode ter esse sentido de resistência?

A experiência nos ensina que não é fácil tentar teorizar em um país sem nenhuma tradição reflexiva, como o Brasil. Nossos intelectuais mais notórios ou têm alguma relação com a política (quando não são plenamente políticos) ou têm um reconhecimento que é como o vento que passa. Cito apenas um exemplo desse último caso: o padre Henrique Vaz, jesuíta de formação alemã que trabalhou por toda a vida em Belo Horizonte e morreu em 2002. Embora tenha publicado vários livros de qualidade sobre antropologia filosófica, história da filosofia e modernidade, nunca vi uma citação a ele em meus 30 anos de ensino na PUC. Poderia citar outros, como Gerd Bornheim, Benedito Nunes e José Américo Motta Pessanha, grandes pensadores brasileiros que ocuparam um lugar periférico dentro de um país periférico.

Mesmo nessa situação, os intelectuais que você cita criaram obras de relevo. Pode haver alguma vantagem nessa posição periférica?

Ser periférico é também uma forma de ver o mundo por outro ângulo. Se eu não vivesse onde vivi quase a vida toda, se não tivesse passado pela ditadura, talvez não tivesse chegado ao conceito de controle do imaginário. O grande exemplo da potência do olhar periférico é Sousândrade. Na década de 1870, quando se mudou para os Estados Unidos com a filha, ele viu o inferno de Wall Street e fez no poema “O guesa” uma crítica das relações capitalistas que é atual até hoje. Enxergou isso porque estava lá como figura marginal. E, por seu olhar e seu estilo, se tornou marginalizado no Brasil também.

Você disse que uma das desilusões da sua geração é o fato de o país não ter se transformado “por completo” depois da ditadura. “Frestas” repassa sua carreira do momento em que você foi expulso da Universidade do Recife pelo regime militar, em 1964, até hoje. Como mudou o ambiente intelectual do país nesse período?

O Brasil não tem tradição forte de debate intelectual, por vários motivos. Uma razão é que a universidade como grande centro de reflexão, uma tradição no Ocidente, é muito recente entre nós. Uma segunda razão é o analfabetismo generalizado. Fui posto fora da universidade pela ditadura porque trabalhava com o serviço de alfabetização de Paulo Freire, que, aliás, sofria oposição tanto da direita quanto do Partido Comunista. Penso que o problema hoje se alastrou, em vez de ter diminuído como apresentam as cifras oficiais, porque temos um analfabetismo alfabetizado, o que chamam de “analfabetismo funcional”. É um problema mais amplo do que se imagina, atinge até professores universitários. Uma terceira razão é que dentro da própria universidade há um círculo vicioso de banalização: o professor, que já chega mal preparado, sofre pressões para entregar uma informação simplificada ao aluno, que só quer um diploma para ter um emprego no qual seu analfabetismo funcional funcione. Um quarto motivo é nosso compadrio, que se estende ao meio acadêmico e prejudica o debate público, os concursos e o ensino.

Como fica a crítica nesse ambiente?

Muito mal. Decidi fazer uma súmula da carreira em “Frestas” também pelo temor de que seja cada vez mais difícil a publicação de um livro como esse no cenário presente do mercado editorial e da imprensa cultural no Brasil. O mercado expulsa de si tudo que tem algum grau de sofisticação intelectual, dando preferência a obras que se autodiluem, livros de divulgação e a ficção mais palatável. E os suplementos literários escasseiam. De certa forma, os mecanismos de restrição à crítica podem ser entendidos em uma escala política mais ampla. Há uma unanimidade na política brasileira, da esquerda à direita, de que educação e cultura são conversa de salão.
Em “Frestas”, você revê alguns dos principais temas a que se dedicou em cinco décadas de carreira, como sua teoria da mímesis e o conceito de controle do imaginário. Que conclusões tirou desse momento de reflexão sobre a própria obra?

Procurei apontar também aspectos ainda a desenvolver em meu trabalho, como o conceito de “ficção externa”, que associo a elementos ficcionais fora do circuito literário, desde o cálculo de probabilidades às formas de cumprimento mais banais, como quando perguntamos “como vai você?”, mesmo sem esperar uma resposta sincera. Mas, de fato, sintetizei conceitos-chave. O controle do imaginário, por exemplo, se observa quando a sociedade precisa separar no campo da expressão aquilo que é socializável do que não é. É diferente de censura, que supõe normas legais cuja infração acarreta punições. O controle é mais sofisticado, supõe a deslegitimação de tudo que procura se contrapor a um valor vigente, sem que esse valor precise ser explicitado.

E como definiria mímesis hoje ?

Desde que o conceito de mímesis aparece entre os gregos, com Aristóteles no século V a.C., até ser rejeitado pelo romantismo alemão no século XVIII, dá-se ênfase à semelhança da obra com a realidade. Mas mais importante que o vetor de semelhança é o de diferença, caso contrário a obra seria mera imitação da realidade. Então, uma definição possível é: mímesis artística supõe diferença sobre um fundo de semelhança. E dou-lhe o exemplo de como uma criança pode entender isso. Quando meu filho Henrique tinha 6 anos, ele perguntou: “pai, o que é ficção?” Pedi um tempo para responder. Quando voltei ele estava desenhando um sol, uma coisa redonda com uns raiozinhos no papel. Antes que eu começasse a explicar, ele mesmo concluiu: “Ah, isso que eu estou fazendo é ficção! Você viu que é um sol, mas não é um sol porque não dói no olho”.

Junto com “Frestas”, você lança uma nova edição de “Me chamo Lully”. O que esse livro significa para você?

Lully é como uma filha para nós, veio para cá com duas semanas e está com 10 anos. Um dia, depois de conversar com minha mulher sobre isso, chegamos a essa história em que há um aparelho capaz de traduzir o pensamento dos cães. Foi divertido, incluí muitas coisas da vida dela, mas outras totalmente inventadas.

8

para eugênio hirsch

I

a amélia 
de eugênio
é eloquente

(diferente da de ataulfo)

usa sapato de salto
e o xibiu
para o

alto


II

na cosmogonia
de eugênio

vitória abril
rebola
otelo amamenta
uma puta

e uma mulata rosa
travestida 
de anjo

engole a piroca
de um anjo
barroco


III

adelita se fue a la guerra

38 são as palavras
da ilustração

para saber

como se sai
se entra
se entra e sai

da chavasca 
da gata.

(oswaldo martins - minimalhas do alheio)


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Choquequirao





Conceição Lima

Mulabo I

Onde o tamanho das vozes
Encolhe o nome e o rosto da urbe.


Mulabo II

Onde labutam, moças, as horas
E o Atlântico intima uma serena perplexidade.


Mulabo III

Onde cada mão conspira um ninho de altura e farinha
Acima do tom das palavras, além dos desastres.

(Conceição Lima)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O tal 9

mestre fui ontem ao povoado
que  nos cerca o mosteiro
encontrei amiga de infância
rapariga em flor
disse que me ama
boas falas meu rapaz
e o que mais te disse ela
que só a lembrança de mim a aquece
torna-te amigo da tua amiga
mas não lhe proves a doçura dos lábios
a tua amiga não te ama
a tua amiga precisa dum amigo
a minha amiga tem olhos tão bonitos e lábios tão graciosos
neste caso
recolhe-te ao claustro com tuas mãos
ou esfrega de joelhos o chão de nossa casa
desferiu o discípulo uma bofetada na cara do mestre

mas se quiseres disse o mestre
posso encostar uma escada ao muro

elesbão ribeiro
07/11/13


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

mulheres ao som de um tango

gata

na gata de negro o corpete tem pernas longas
seria a exatidão do pulo desta gata
anúncio de alvoradas

veste por hora os telhados da casa
se estica com estrelas na voz
e ri que se ri a danada

desloca o ar e deixa imóvel o corpo
quando vira de lado ou finge
ir-se por ledas searas

tango

um copo de cicuta, garçom
não para mim
o dançarino coxo

para essa mulher que dança
como se trepasse
com outro

cigana

não lê minha mão a cintada cintura
ademais tão morena a pele
tão negros os pelos

ali na pedra do ribeirão cala boca
apenas deixava que visse
a embocadura da bunda

o tufão dos vendavais
a lua que a bordava
de sangue

(oswaldo martins)


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Paul Celan

CONFIANÇA

Será ainda um olho,
um olho desconhecido, junto ao
nosso: mudo
sob uma pálpebra de pedra.

Venham, furem as vossas galerias!

Será um cílio,
virado para dentro na rocha,
acerado pelo que não foi chorado,
o mais fino dos fusos.

Perante vós, ele faz a sua obra
como se houvesse, porque é pedra, ainda irmãos.

Tradução Luís Costa

ZUVERSICHT

Es wird noch ein Aug sein,
ein fremdes, neben
dem unsern: stumm
unter steinernem Lid.

Kommt, bohrt euren Stollen!

Es wird eine Wimper sein,
einwärts gekehrt im Gestein,
von Ungeweintem verstählt,
die feinste der Spindeln.

Vor euch tut sie das Werk,
als gäb es, weil Stein ist, noch Brüder.


Paul Celan

Hölderlin

A canção de Hyperion


Oh santos génios! Vós caminhais,
lá por cima, em luz, sobre terra suave.
Brilhantes deuses etéreos
Tocam-vos levemente,
Qual os dedos da artista
nas cordas santas


Sem destino, como a criança
Adormecida, os anjos respiram;
Castamente guardado
Em discretos botões,
O espírito floresce-lhes,
Eterno,
E os santos olhos
Veem em silenciosa
E eterna claridade.


Nós, porém, fomos condenados a errar,
Sem descanso, p’la terra fora.
Ao acaso, de uma
Hora para a outra,
Os homens sofredores
Somem-se e caiem,
Como a água atirada de
Recife para recife,
Ano após ano, na incerteza.

Tradução Luís Costa


Hyperions Schicksalslied

Ihr wandelt droben im Licht
Auf weichem Boden, selige Genien!
Glänzende Götterlüfte
Rühren euch leicht,
Wie die Finger der Künstlerin
Heilige Saiten.

Schicksallos, wie der schlafende
Säugling, atmen die Himmlischen;
Keusch bewahrt
In bescheidener Knospe,
Blühet ewig
Ihnen der Geist,
Und die seligen Augen
Blicken in stiller
Ewiger Klarheit.

Doch uns ist gegeben,
Auf keiner Stätte zu ruhn,
Es schwinden, es fallen
Die leidenden Menschen
Blindlings von einer
Stunde zur andern,
Wie Wasser von Klippe
Zu Klippe geworfen,
Jahr lang ins Ungewisse hinab.



Hölderlin

sábado, 2 de novembro de 2013

Fragmentos de Safo

19

[Eros] dociamargo

[Eros} que atormenta

[Eros] tecelão de mitos



22

[menina bonita,
de novo eu me perdi]


23

e para ti eu deixarei, depois de mim


30

em Kreta, era assim que as mulheres dançavam,
ao som de músicas, cercando o divino altar,
pés delicados sobre as flores tenras da relva

(poemas e fragmentos de Safo de Lesbos
tradução Joaquim Brasil Fontes)


coletiva

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a filha do poeta erótico parece
feliz

quando só perguntam sobre o pai
ela não entende que não saibam
da existência de palavras e corpos

em separado

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a filha do poeta erótico reflete
pudores

segura e mais bem amada que muitas
ela olha para o chão e não diz nada
afastando os maus pensamentos

dos outros.


(Lúcia Leão)