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domingo, 11 de março de 2012

Hugo Cabret


Rapaz, não resisto a comentar algo que li no seu blog. É que acabei de assistir à Invenção de Hugo sei lá o quê e vou te dizer uma coisa: este filme é o mais fraco de todos os filmes fracos do Scorsese, isto para não utilizar o calão. Eu fui dormir pensando neste assunto e por isso não pude deixar de escrever estas linhas quando acordo e vejo o comentário no seu blog. Este negócio de "homenagem ao cinema" se converteu numa das maiores picaretagens da sétima arte. Na verdade é (mais uma) demagogia deste filme. Ou seja, um filme 3D, 4 D, sei lá, que as câmeras quase entram pelas paredes, a neve cai em cima da gente, o cachorro quase nos baba, mas vejam só a verdadeira poesia do cinema eram na verdade aquelas coisas circenses e ingênuas do Mélies, de quem vocês, público ignaro (e aí vem também a coisa pedagógica, igualmente insuportável) jamais ouviram falar e de cuja notícia devem em muito agradecer a este cineasta do século 21 (ou ao menos mui sensível a ele, embora velho). Estas homenagens geram um "lirismo" (puxa, mas como ele sabe reconhecer a beleza do passado, não?) falso, tão superficial quanto o efeito "estético" dos truques digitais. O texto é um lixo, o roteiro (ai o calão) uma pobreza, incapaz de aproveitar as deixas mais óbvias que a trama lhe oferece, a música, um realejo amorfo (é engraçado, porque aparece o tempo todo um guitarrista com toda a cara do Django Reinhardt, mas nada se ouve do jazz cigano que já existia). Os atores não conseguem salvar o texto porque acho que nem JC conseguiria, o menino, fraquinho, fraquinho... Puxa rapaz, que decepção! Ora, se o Martin quer homenagear o cinema, que volte a fazer um filme que preste, que diabos.

(Ronald Iskin)