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terça-feira, 19 de maio de 2009

Mario Benedetti 2

si en el crepúsculo
el sol era memoria
ya no me acuerdo

las religiones
no salvan / son apenas
un contratiempo

lo peor del eco
es que dice las mismas
barbaridades

hay pocas cosas
tan ensordecedoras
como el silencio

durante el sueño
los amantes son fieles
como animales

pasan las nubes
y el cielo queda limpio
de toda culpa

las plantas oyen
si uno las lisonjea
se hinchan de verde

en todo idilio
una boca hay que besa
y otra es besada

(Mario Benedetti)

Mario Benedetti 1

Lento mas vem

Lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

hoje está mais além
das nuvens que escolhe
e mais além do trovão
e da terra firme

demorando-se vem
qual flor desconfiada
que vigia ao sol
sem perguntar-lhe nada

iluminando vem
as últimas janelas

lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

já se vai aproximando
nunca tem pressa
vem com projetos
e sacos de sementes

com anjos maltratados
e fiéis andorinhas

devagar mas vem
sem fazer muito ruído
cuidando sobretudo
os sonhos proibidos

as recordações dormidas
e as recém-nascidas

lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

já quase está chegando
com sua melhor notícia
com punhos com olheiras
com noites e com dias

com uma estrela pobres
em nome ainda

lento mas vem
o futuro real
o mesmo que inventamos
nós mesmos e o acaso

cada vez mais nós mesmos
e menos o acaso

lento mas vem
o futuro se aproxima
devagar
mas vem

lento mas vem
lento mas vem
lento mas vem


Mario Benedetti, grande escritor e poeta uruguaio. Nasceu em 14 de setembro de 1920, em Tacuarembó. Morreu hoje, em Montevideo.

Poema de Mário Benedetti enviado por Rose e Horácio, amigos fraternos.