estrada
para oswaldo martins
Estrada
cansados
vamos assim
cansados
nos sentimos
melhor
ao reanimar
um camarada
elesbão ribeiro
30/01/20
Oswaldo Martins. Poeta e professor de literatura. Autor dos livros desestudos, minimalhas do alheio, lucidez do oco, cosmologia do impreciso, língua nua com Elvira Vigna, lapa, manto, paixão e Antiodes, com Alexandre Faria. Editor da TextoTerritório
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para oswaldo martins
Estrada
cansados
vamos assim
cansados
nos sentimos
melhor
ao reanimar
um camarada
elesbão ribeiro
30/01/20
AS DUAS RAMEIRAS
Todas as mulheres de que não me aproveitei
visitam os meus melhores sonhos,
os meus piores pesadelos.
Levanto-me de pau feito
todas as manhãs.
Tomo ginseng e vitaminas
A, B, C, D e E.
Depois fumo um cigarro
e sento-me ao computador
a teclar poemas como este
à espera das duas rameiras mais infames
da terra: a Fama e a Morte.
Só me resta a esperança
de que não venham, as puras, as duas
de mão dada.
(Roger Wolfe – tradução Luís Pedroso)
Éguas vieram, à tarde, perseguidas,
depositaram bostas sob as vides.
Logo após borboletas vespertinas,
gordas e veludosas como urtigas
sugar vieram os esterco fumegante
Se as vísseis, vós diríeis que o composto
das asas e dos restos eram flores.
Porque parecem sexos; neste instante,
os mais belos centauros do alto empíreo,
pelas pétalas desceram atraídos,
e agora debruçados formam círculos;
depois as beijam como beijam lírios.
(Jorge de Lima)