Paroara

 

do desestudos - do doze estudos para leituras trágicas poema 10

os cães perseguem a falta
da luz 
desolhos espanejam
moscas

aqui neste interstício
os dias esqueceram 
a origem

do passado

(oswaldo martins 2000)

Leitura da fala de Tirésias em Édipo-Rei de Sófocles e dois poemas do desestudos, de oswaldo martins

 

Antoine Emaz

 

acaba que cada um

ao menor problema

se muda de si mesmo

para um pouco mais longe

todos os dias

para um pouco mais longe

 

no máximo a gente se acompanha

forçando o sorriso

 

(Antoine Emaz - Tradução de Júlio Castañon Guimarães)

a geometria da imprecisão

 

um pintor-paleta solfeja

desenhos a beira do nada

 

narizes se destroem

enquanto erige monumentos

 

no passo das montanhas

com sua pá de pedreiro

 

tece volutas ouropéis

em que finge copiar

 

a natureza de deus

e nos entrega os homens

 

com suas mãos disformes.

triângulo

as esquinas destes brasis

tecem imperfeições

 

ali entra a água

o sal a terra põe

 

de quatro – daninhas

soem as esquadrias

 

em obtuso ângulo

demarcam o roubo

o saque cuja deriva

cria nos pântanos

 

o mal cheiro das cloacas

o país devastado

pelo horror

 

(oswaldo martins)

pedra

um círculo ao redor de si mesmo

até que se distorça do círculo

a ótica perene das galáxias

dentro dos círculos orfeu

visitou por dentro o abismo

na solta concepção terciária

o poeta repousou a fronte

a tensão das indagações

sem respostas muito embora

 

necessárias faz gelar a imagem

como miríades de pontos

vagantes de repente silenciados

 

no oco do círculo revela-se

não o ponto da partida-pedra

mas o engodo fictício por beatriz

(oswaldo martins)

 

o sim contra o sim 1

 

tanto isto

 

Ossip Mandelstam

 

Poesia marroquina