sábado, 30 de novembro de 2019

Carmen



CARMEN

Sobre las ruinas de la locomotora
ha nacio la rosa de los ventos,
transportada al Espacio por un ángel
sus pétalos serán nubes de hielo.

Coros del Limbo entorarán un réquien
por tí, por mí y por la Muerte Nueva,
mientras un ángel con als de papel
decretará el Imperio de la Carne.

(HOMERO ICAZA SÁNCHEZ)


CARMEM

Sobre as ruinas da locomotiva
nasceu a rosa dos ventos,
transportada ao Espaço por um anjo
suas pétalas serão nuvens de gelo.

Coros do Limbo entoarão um réquiem
para ti, por mim e pela Morte Nova,
enquanto um anjo com asas de papel
decretará o Império da Carne.

(TRADUÇÃO DE ANTONIO MIRANDA)

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Antiodes


essa biblioteca é minha

medo no rio de janeiro
havia dois diabos
padre, que pecado,

quando me sugeriram escrever homenagem
ao que se foi para o quinto dos infernos
eles nem imaginam na praia lotada
que alexandria foi uma biblioteca na qual os homens liam

talvez porque aqueles
enquanto juízes e doutores e sábios e pastores
hoje de madrugada nos subúrbios de minha cidade
as atitudes práticas possuem deuses

esta biblioteca é minha
os rebolados das moças nas passarelas são rebolados
e também desdenhar das saras shivas
tirando das telas suas pernas os peitos
resta o suicídio
lágrimas, as minhas, também recendem a gim
senhora das terras herdeira eterna chefe de clã

fizeste mal, senhora,
disse maradona
para quem de longe vê os gráficos da eficiência
tantos são os produtos!
não basta as folhas secas de nélson o encanto da paisagem
cantoras do passado são várias
ouve nessa voz o que cantam os terreiros

as burguesinhas fúteis pensam que descobrem a américa
quando descobrem a Disney

selvagem língua danto-viperina

estou fora, histrião
há abdulas e abdulas neste mundão de deus!
os homens plantam o que a terra dá

as instituições comercializam seus produtos enlatados

julgais, senhores, a bastardia
há barbosas e barbosas
os tatibitates com suas cláusulas atemporais
dizem poesia quando o sol se põe nas areias de Ipanema
aplaudem o cu dos outros

há urubus no ar como aviões de carreira
quando a bola gira de pé em pé
eu vi os campos de pelada do subúrbio
as marias pretas com seus carrões

as moças saem de casa
às vezes as bocas sensuais bocas ávidas

quando franco assumiu o poder na espanha,
aretino criou uma metafísica própria, estranha ao mundo

(versos das Antiodes)


quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Poesia catalã

Divisa

A l'atzar agraeixo tres dons: haver nascut dona,
de classe baixa i nació oprimida.
I el tèrbol atzur de ser tres voltes rebel.

(maria mercè marçal)

Divisa

À sorte agradeço três dons: ter nascido mulher,
de classe baixa e nação oprimida.
E ao turvo azul de ser três vezes rebelde.

(tradução vanderley mendonça)


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

delírio

rumina a fome acordado

mascando folha de coca
no estro de um labor arcaico

o insone ao cardar a lã

diante da lucidez possível
encontra sua moldura - papel

na parede decorando o ocaso

- e acredita que o sol quando acorda
amola em suas mãos as adagas

(andré capilé - rebute)

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

paisagem zero

1

na casa-um há
o suporte

sobre o morro
a construiu

o que nem homem
era e no entanto

2

a casa, pois
o homem

concluem-se
o que habita

e o habitat-zero

3

o homem-adereço
tem braços-sem

pés-de-planta

um assento
pende

na casa
do onde-não

4

o narrador-a-caco
tartamudeia

o mundo

solfeja e atira
pedras

5

louco-de-cuspe
beato-sem

o tilintar das águas
soçobra os sinos

da cidadela-fim

(oswaldo martins)

sábado, 23 de novembro de 2019

as armas


para carolina bezerra

insígnia beatitude madeiro-cruz
faca-de-ponta borduna sarão-ur
o caça-forca o buraco-dos-ratos
radiam no peito a cidadela-beco

rocinha capão casa nova jurunas
amarela canudos barrigas vazios
de acari complexo maré fazenda
bica barreira amor prazeres caju

conselheiro lampião caneca ciço
marias penhas marielles katendê
iorubás quimbundos fons bantos
jorge-ogum co’as armas de armar

canudo-foice chuço-de-vaqueiros
forquilha ferrões quinquim coiam
corpo-a-corpo horror e gestos-hor
pânico das bravuras e recuo-amuo

ecoo nas vosse mercês o seco nulo
nor-nordestes manguezal de putos
homens e putas mulheres do pajeú
discorrerão sobre os dias do haver

a vir

(oswaldo martins)


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O cheiro

O que impressiona primeiro é o cheiro. A cidade fede. Mais de um milhão de pessoas vivendo em uma espécie de lodo (mistura de lama preta, de detritos e de cadáveres de animais). Tudo isso debaixo de um sol tórrido. O suor. Mija-se em todo lugar, homens e animais. Esgotos a céu aberto. As pessoas cospem no chão, quase no pé do vizinho. Sempre a multidão. O cheiro de Porto Príncipe tornou-se tão forte que elimina todos os outros perfumes individuais. Toda tentativa pessoal torna-se impossível nessas condições. A luta é por demais desigual.

(País sem chapéu - Dany Lafarrière)

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Recanto


Guido Cavalcanti - Poesia Italiana


Per gli occhi fere um spirito sottile
Guido Cavalcanti

Per gli occhi fere un spirito sottile
Che fa in la mente spirito destare,
Dal qual si muove spirito d’amare,
Che’ogn’altro spiritello fa gentile.

Sentir non può di lui spirito vile,
Di contanta virtú spirito appare.
Questo é lo spiritel, che fa tremare
Lo spiritel che fa la donna umile.

E poi da questo spirito move
Um altro spirito soave,
Che segue um spiritello di mercede.

Lo quale spiritel spiriti piove,
Che di ciacuno spirit’ há la chiave,
Per forza d’uno spirito, Che ‘l vede.


Pelo olhar fere o espírito sutil
Augusto de Campos

Pelo olhar fere o espírito sutil
Que faz na mente o espírito acordar,
Do qual se move o espírito de amar
Que faz todo outro espírito servil.

Não o descobrirá espírito vil,
Tal é o dom deste espírito sem par,
Espírito que faz tremer o ar
Do espírito que faz dama gentil.

E deste mesmo espírito se move
Um outro doce espírito suave,
Que um espírito segue de mercê.

O qual espírito espíritos chove
E dos espíritos conhece a chave,
Por força de um espírito, que vê.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Heiner Müller - O pai - Der Vater


O pai

I.

Um pai morto teria sido talvez
Melhor pai. Ainda melhor
é um pai nado-morto.
Sempre nova cresce a grama sobre a fronteira.
A grama tem que ser arrancada
De novo e de novo que sobre a fronteira cresce.


II.

Eu queria que meu pai tivesse sido um tubarão
Que estraçalhara quarenta baleeiros
(E eu aprendido a nadar neste sangue)
Minha mãe uma baleia-azul meu nome Lautréamont
Morto em Paris
Em 1871 desconhecido

(Tradução de Ricardo Domeneck)


Der Vater

I.

Ein toter Vater wäre vielleicht
Ein besserer Vater gewesen. Am besten
Ist ein totgeborener Vater.
Immer neu wächst Gras über die Grenze.
Das Gras muß ausgerissen werden
Wieder und wieder das über die Grenze wächst.

II.

Ich wünschte mein Vater wäre ein Hai gewesen
Der vierzig Walfänger zerrissen hätte
(Und ich hätte schwimmen gelernt in ihrem Blut)
Meine Mutter ein Blauwal mein Name Lautréamont
Gestorben in Paris
1871 unbekannt

(HEINER MÜLLER)

domingo, 17 de novembro de 2019

Terça-feira


Enquanto você se despe
eu te cubro de palavras,
e esse corpo em que moramos,
pântano de costelas
de Adão e palmeiras, quase implora
algum tipo menos maltratado
de razão.

Que eu perco
quando você se despe, folha
de bananeira, tanto verde, verde
ao teu redor, pela manhã
recuperado, esse corpo demanda
uma explicação natural.

Não há panfleto, não há
vão de porta que aceite só
a fatia
de luz que nem bem
te representa.

Se me perguntassem
amanhã, o que foi,
o que é, eu passaria
os olhos de novo como fiz
por cada sinônimo contrário
de mim.

(Lúcia Leão)

teoria do mínimo 3


3

sempre depois o antes
escondida agudeza

a teoria resmunga
os efeitos do zero

faz da unha universo
a morada-esfinge

do fim

sábado, 16 de novembro de 2019

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

teoria do mínimo


1

o cisco no olho ao invés
de assoprar

forja o memento zero
o objeto e o sujeito

se irmãos ou inimigos
importam pouco

o advento da fotografia
traz apenas cenas

no sem tempo
da rasura

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Totem

O totem.
O para-raios de toda ação.
Buda do silêncio,

oblata fugaz
para o consolo do nada,

antena ancestral

aplacando tribulações
da tribo,
animal que se mexeu,
corvo, tigre.

Alto trigo.

Sóa terra não logrou
estar quieta.

A terra        erra
ainda.
*
(Daniel Jonas - Os fantasmas inquilinos)

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Poesia boliviana


Nos denominam

Nos chamam de indígenas
Nos chamam de autóctones
Nos chamam de étnicos
Em palavras claras
qualquer coisas nos chamam

Esses que nos denominam
Quem são?
Esses que nos denominam
De onde serão?
Hoje em dia
indagamos

Até de pobre
nos chamam
Esses que nos chamam de pobres
Como conseguem
seu dinheiro e o ouro?

Por nada caem
do céu.
Mandam para eles?
Gostaríamos de saber.

(Tradução: Antonio Miranda)

*

Suticht'apxistu


Indígenas sasaw uticht'apxistu
Autóctonos sasaw uticht'apxitu
Étnicos sasaw suticht'apxistu
Qhana arunxa kunaymana
Suticht'apxistu.

Uka suticht'irinakasti
Kunapxisa

Uka suticht'irinakasti
Kawkinkir'ipxpachasa
Sasawa, jichhaxa
jiskt'asitáxi

Puwri sasasa
suticht'apxakirakistuwa
Uka puwri sirinakasti
Kunámatsa, qurs qullqsa
Katupxpacha

Justupakiti
alapachatt jalaqtanpacha
jan ukax kuna laq'ucha
jupanakatak achunirappacha
Sasarakiw yaqhipa arst'i.

*

Nos ponen nombres

Nos llaman indígenas
Nos llaman autóctonos
Nos llaman étnicos
En palabras claras
cualquier cosa nos llaman

Esos que nos llaman
¿Quienes son?
Esos que ponen nombres
¿De dónde serán?
Hoy en día
se pregunta

Hasta de pobre nos llaman
Esos que nos llaman pobres
¿Cómo consiguen
su plata y oro?

 ¿De por sí caerán
del cielo?
O qué gusano
se los trae para ellos?
Se preguntan unos.

(Juan de Dios Yapita)





sábado, 9 de novembro de 2019

RUPERT BROOKE (1887–1915)


II. SEGURANÇA

Amada! Entre os que são felizes nesta hora
Bendito o que achou nossa silente segurança
Nas sombrias marés do mundo que ressona.
“Quem mais seguro há?”, foi a nossa demanda.
A segurança achamos em tudo que não morre,
Os ventos, a manhã, alegria e abandono,
A noite densa, os pássaros, nuvens que no céu correm,
O sono, a liberdade e a terra no outono.

Erguemos uma casa que o tempo não derruba.
Ganhamos uma paz de todo inabalável.
A guerra nada pode. Será armada e segura
Minha ida ante a morte, o êmulo inelutável;
Mesmo que não mais haja segurança e que os homens
Caiam; e mais segura ainda se estes meus membros morrem.

RUPERT BROOKE (1887–1915)

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Taras Shevchenko - George Ovashvili


O Barco


O vento e o bosque falam,
Sussurram os juncos,
O barco vai com as vagas
Só no vasto mundo.
O barqueiro naufragado
Foi-se na corrente,
Cheio de água vai o barco
E ninguém o prende.
Até o mar azul alcança...
O mar soa bravo,
Os vagalhões brincam - dançam
Com os estilhaços.

(Taras Shevchenko)Tradução do ucraniano: Wira Selanski  


















(fotograma do filme A ilha no milharal de George Ovashvili)

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

No blog do Lúcio Autran

Resenha no blog do Lúcio Autran

https://lucioautran.blogspot.com/

MANTO EMINENTE – Oswaldo Martins e Arthur Bispo do Rosário – os aedos desencantadores das palavras – ou “os planos da arte”.

“a voz na falha das mãos
os lenho-laços
os fios

os planos da arte”
sianinha – Oswaldo Martins
Ao menos para mim, é muito difícil fazer da loucura objeto da poesia, aliás, mais do que isso, difícil falar da loucura, poeticamente ou não. Tudo nesse assunto é estigma, até porque quem vivenciou alguma forma de... e aqui o problema se evidencia, como chamar a “loucura”? Doença mental, alienação? E seu sujeito, doido? Ou, carinhosamente, que por vezes é possível, principalmente nas lembranças mais remotas da infância, doidinho?
Melhor nomeá-lo assim do que apedrejá-lo ou dele rir, ou cuspir-lhe a face transtornada, pois a loucura nada tem de lírica, muito menos de divertida, ao contrário, ela dói, rasga de angústia seu portador e os que com ele convivem, pois a sociedade, se melhorou no trato com ele, foi muito pouco, e ainda está presente em nós, navega no nosso preconceito, a “Nau dos Insensatos”, o escondê-lo na vergonha dos segredos da família, medo talvez de que sobre nós recaia o fatal estigma, como certa vez arrisquei: “No fundo das grutas, esperando adormecerem / os filhos e os vizinhos, para saírem pelos fundos. / Como a nudez, é melhor escondê-los nas serras / de Barbacena, ouro podre do limite das grutas”.
É o medo de um estigma infelizmente ainda presente, pois quem, como dizia e as palavras me fizeram desviar, conviveu com alguma forma de loucura sabe como é tênue a membrana que separa a doença de uma suposta, e apenas suposta, “normalidade”, citoplasma mental.
Mas toda sinonímia é precária, senão impossível. Qual a abordagem possível da loucura, se mesmo a abordagem “científica”, médica, ainda padece de irremediáveis precariedade e desconhecimento, salvo, aberta e honestamente, confessar esses mesmos desconhecimento e precariedade?
Talvez a poesia seja a única forma possível, pois permite a desconstrução, permite a (in) significação, o (não)significado, o desprezo ao significante, a partir do estigma / enigma onde o encarceram.
Como reconstruir a linguagem dos loucos? E o chamemos assim, por estranho que pareça, pois ainda acho “louco” a palavra de menor força estigmatizante. Como nos aproximar de sua sintaxe, que sintaxe é essa e como se recria no nada?

Aleksander Púchkin


A UVA

Não choro, finda a primavera
ligeira, a rosa que definha,
pois, maturando numa vinha
ao pé do monte, a uva me espera:
primor do vale viridente,
deleite do dourado outono,
tão diáfana e tão longo como
os dedos de uma adolescente.

(1824)
.

ВИНОГРАД

Не стану я жалеть о розах,
Увядших с легкою весной;
Мне мил и виноград на лозах,
В кистях созревший под горой,
Краса моей долины злачной,
Отрада осени златой,
Продолговатый и прозрачный,
Как персты девы молодой.

(1824)
– Aleksander Púchkin (Алекса́ндр Пу́шкин). A dama de espadas: prosa e poemas. [tradução de Boris Schnaiderman e Nelson Ascher]. Coleção Leste. São Paulo: Editora 34, 1999; 3ª ed., 2013.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Ossip Mandelstam


1

[Tradução de Augusto de Campos¹]

Vivemos sem sentir o chão nos pés,
A dez passos não se ouve a nossa voz.

Uma palavra a mais e o montanhez²
Do Kremlin vem: chegou a nossa vez.

Seus dedos grossos são vermes obesos.
Suas palavras caem como pesos.

Baratas, seus bigodes dão risotas;
Brilham como um espelho as suas botas.

Cercado de um magote subserviente,
Brinca de gato com essa subgente.

Um mia, outro assobia, um outro geme.
Somente ele troveja e tudo treme.

Forja decretos como ferraduras:
Nos olhos! Nos quadris! Nas dentaduras!

Frui as sentenças como framboesas.
O amigo Urso abraça suas presas.³

Notas

¹ Do livro “Poesia da Recusa” (Perspectiva, 364 páginas), de Augusto de Campos. Edição de 2011. Tradução direta do russo.

² Augusto de Campos prefere “montanhez”, no lugar de montanhês, para rimar com vez? É provável.

³ Nota de Augusto de Campos: a tradução literal desta última linha equivale a: “O largo peito do ossétio” (cidadão da Ossétia, da Geórgia, região de origem de Stálin). Variante literal: “Um abraço de Ossétia às suas presas”.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

ladainha do bom jesus


poema para muitos pés

pletora passos preclaros os pés
em clave de sol a pino

pisar pedras as escarpas
proteger o refluir do humor

crestado solar sobre o solo
rachado subir pelos rebordos

dos cravos espinhos cravar
calcanhares e artelhos parcos

pousar no plexo dos dedos
o perfurante das arestas

irregulares provas ao longo
corpo-serpente do morro

até as portas do paraíso
do nós que se revolta

(oswaldo martins)

sábado, 2 de novembro de 2019

Strindberg - INFERNO

é por penitência que estou aqui, perseguido pelas fúrias. Vê-se logo que nesta linda casa mora um artista; é um casal tranquilo, gozando a felicidade conjugal, com crianças maravilhosas, vivendo no luxo e oferecendo uma hospitalidade ilimitada. São pessoas generosas em suas opiniões, e tudo aqui repira beleza e bondade. Mas não me agrada esse ambiente, sinto-me queimar aqui, como um condenado à danação eterna, vivendo um paraíso. Foi então que descobri que estou no inferno.

Antiode