Oswaldo Martins. Poeta e professor de literatura. Autor dos livros desestudos, minimalhas do alheio, lucidez do oco, cosmologia do impreciso, língua nua com Elvira Vigna, lapa, manto, paixão e Antiodes, com Alexandre Faria. Editor da TextoTerritório
segunda-feira, 11 de junho de 2018
sábado, 9 de junho de 2018
o capitalismo pós-moderno (sáitra menipéia)
a boca
era
um cu
o cu
uma
boca
assim como a bunda
era um rosto o rosto
era uma bunda
assim como olhos da cara
se tomavam como olho do cu
o olho do cu
custava os olhos da cara
(oswaldo martins)
domingo, 3 de junho de 2018
O Chefe da Polícia
Aberto como uma ferida, o sol no céu dessangra-se
Um aeródromo.
Prisioneiros preventivos, mãos no ventre.
Porretes, jipes,
muros da prisão, delegacias
e cordas que balançam sobre o patíbulo
e os conterrâneos que não aparecem
e um guri que não suportou a tortura
e se jogou do terceiro andar da Chefatura.
E aí está o chefe da polícia
salta do avião
volta da América
de um curso de formação.
Estudaram métodos para não deixar dormir
e ficaram maravilhados
dos eletrodos aplicados aos testículos
e também deram palestra sobre nossas celas de castigo,
ofereceram explicações satisfatórias
sobre como pôr ovos recém-cozidos nos sovacos
e como, delicadamente, esfolar com fósforos acesos a pele.
O senhor Chefe de Polícia salta do avião
volta da América
porretes e jipes
e cordas que balançam sobre o patíbulo,
o chefe voltou, dizem encantados.
Tradução Francisco Manhães do poema de Nazin Hikmet.
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