Rio, 22.7.90
Oswaldo,
A sua Lapa deixa
uma sensação sombria, viscosa, abafada, mas ao mesmo tempo luminosa. Há no
trato uma forma nova de intimismo e uma forma nova de lirismo. Apesar do
esperma, da saliva, dos dejetos, um profundo bom gosto e um grande refinamento.
Não é a Lapa sentimental de Manuel Bandeira mas não deixa de ser uma Lapa
emocionada, apesar da contenção. De um erotismo que sai dos quartos para a rua
e perpassa tudo, até os objetos da Cavé.
Linguagem muito
apurada, palavras exatas, jamais banais. Nenhum pernosticismo, apesar do apuro.
É um livro para
ser lido inteiro. Primeiro de uma vez só, depois detendo-se em alguns poemas,
observando a linguagem.
Gostei muito da
inclusão do bidê no texto. Nunca vi um quadro de uma mulher sentada num bidê
Por quê?
Fica a esperar
novos poemas seus.
Um abraço,
Rachel