quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

os romancistas


nas margens das páginas preenchidas
evocam às vezes num desenho um deus
e dedicam-se com denodo a seu ofício
de censor mas deixam algumas pistas

do que fora o átimo da palavra original
e a retorcem no ritmo de um sutil
murmúrio no qual as vestes tomam
um circular movimento de música

jogam bananas com os dados
tão comezinhos que dir-se-ia
sequer terem em si um deus
cínico como machado de assis

(oswaldo martins)

2 comentários:

  1. me pergunto, extremamente curiosa, o que terá inspirado esse seu poema...

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  2. O que acontece com a gente quando acorda - serão eflúvios da noite? - são inesperadas. Amanheci com os dois últimos versos na cabeça um deus/ cínico como Machado de Assis. O último verso é um decassílabo. Havia lido na noite anterior um poema do Auden - um soneto lindo com este título. Aí veio-me á memória as aulas do Luiz Costa Lima, dos tempos da graduação sobre Machado. Pensei também no último romance da Elvira Vigna - o que deu pra fazer em matéria de amor. Assim que pude subi para tentar o poema.

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